Imagem: Foto - Bette Davis e Gary Cooper - 1941
Há
um consenso, quase um mito, de que nós mulheres conversamos muito. Conversa de
lavadeiras ou comadres e mais recentemente tricotando, são expressões que ainda
se ouvem e alimentam o entendimento equivocado de que tratamos a maior parte do
tempo de frivolidades femininas, o que naturalmente enseja a curiosidade
masculina.
Não
há mistérios. Cada um de nós, independente do sexo, partilhará com maior ou
menor intimidade com seus pares, as experiências vividas dentro do contexto
sócio-cultural em que está inserido. As diferenças, na maior parte das vezes se
encontram nas formas de expressar, estas sim características de cada gênero.
Trocávamos receitas e eventualmente ainda trocamos, falamos sobre a educação
dos filhos como sempre, mas hoje, em pleno século XXI, um sorriso cúmplice entre
amigas pode perfeitamente se referir ao sucesso de um bom investimento e não ao
mais recente namorado.
Da
mesma forma, ainda é comum se imaginar que um homem e uma mulher almoçando
juntos, por exemplo, é um casal e não colegas de trabalho. Evoluímos sim, mas
nosso comportamento social continua retrógrado e relacionado à função
primordial de preservação da espécie, em que naturalmente não se encaixam
sequer as opções de orientação sexual.
Em
algum momento, o empoderamento feminino significou a invasão de um universo até
então absolutamente masculino, criando um distanciamento maior, como fossemos
espécies diferentes ou originários de planetas distintos, o que já serviu até
para título de livro. Até na linguagem empregada, especialmente nos discursos
políticos, fica evidente esta visão ultrapassada, já que se desconsidera que a
palavra companheiros é plural em que cabemos todos, independente de sexo, raça
ou religião.
Passa
da hora de nos acertarmos com o tempo em que vivemos e buscarmos nossa
complementaridade enquanto seres humanos, em prol da sociedade, para além dos
papéis individuais e das funções sexuais da espécie. E guardarmos dos
mistérios, como na dança dos véus, a magia da descoberta do outro.
Publicada na
Revista CAPITA Global News em 26/07/2013
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