As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Tricotando



Imagem: Foto - Bette Davis e Gary Cooper - 1941
               
Há um consenso, quase um mito, de que nós mulheres conversamos muito. Conversa de lavadeiras ou comadres e mais recentemente tricotando, são expressões que ainda se ouvem e alimentam o entendimento equivocado de que tratamos a maior parte do tempo de frivolidades femininas, o que naturalmente enseja a curiosidade masculina.

Não há mistérios. Cada um de nós, independente do sexo, partilhará com maior ou menor intimidade com seus pares, as experiências vividas dentro do contexto sócio-cultural em que está inserido. As diferenças, na maior parte das vezes se encontram nas formas de expressar, estas sim características de cada gênero. Trocávamos receitas e eventualmente ainda trocamos, falamos sobre a educação dos filhos como sempre, mas hoje, em pleno século XXI, um sorriso cúmplice entre amigas pode perfeitamente se referir ao sucesso de um bom investimento e não ao mais recente namorado.

Da mesma forma, ainda é comum se imaginar que um homem e uma mulher almoçando juntos, por exemplo, é um casal e não colegas de trabalho. Evoluímos sim, mas nosso comportamento social continua retrógrado e relacionado à função primordial de preservação da espécie, em que naturalmente não se encaixam sequer as opções de orientação sexual.

Em algum momento, o empoderamento feminino significou a invasão de um universo até então absolutamente masculino, criando um distanciamento maior, como fossemos espécies diferentes ou originários de planetas distintos, o que já serviu até para título de livro. Até na linguagem empregada, especialmente nos discursos políticos, fica evidente esta visão ultrapassada, já que se desconsidera que a palavra companheiros é plural em que cabemos todos, independente de sexo, raça ou religião.

Passa da hora de nos acertarmos com o tempo em que vivemos e buscarmos nossa complementaridade enquanto seres humanos, em prol da sociedade, para além dos papéis individuais e das funções sexuais da espécie. E guardarmos dos mistérios, como na dança dos véus, a magia da descoberta do outro.


Publicada na Revista CAPITA Global News em 26/07/2013

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