Imagem: Ruinas dos banhos romanos,
Trier, Alemanha – Foto de Jones Antônio dos Santos
(Jones Poa).
Tenho lido
muitos excertos de textos e trabalhos acadêmicos do filósofo Michel Onfray,
fragmentados entre publicações de jornais e revistas. Tão fragmentados quanto
meu conhecimento sobre a obra desse filósofo francês, nascido de um pai,
trabalhador rural e uma mãe, governanta, em meados do século passado, passado
tão próximo como o de muitos de nós. O fato é que Onfray tem sido apresentado
como um demolidor do pensamento humano constituído, como fosse um crítico
ferrenho a historiadores, filósofos e teóricos, passando por Nietzsche,
Rousseau e Freud, entre outros.
Esse é o meu
incômodo! A parcialidade não ilumina suficiente e adequadamente o conhecimento.
Explico: A veiculação parcial das ideias de Onfray, ou de qualquer outro, induz
ao leitor mediano e alheio ao meio acadêmico a conclusões precipitadas, seja
desacreditando nas contribuições do estudioso ou pior, concluindo que os caminhos
trilhados pelas ciências até então, são todos equivocados.
Vale lembrar
que todas as teses e teorias que foram descontruídas
ao longo dos séculos, serviram como alicerce para as edificações
posteriores e que a necessidade de destruição,
alimenta o desejo ancestral de dominação e poder do homem sobre o homem. Não há
como apagar, ainda que na história da Ciência, personagens como Einstein e
Freud, debatendo através de cartas, sobre as guerras e os destinos da
humanidade. Inimaginável? Mas aconteceu sim, em 1932, com a genialidade dos
mestres perpassando por argumentações embasadas em contextualizações históricas,
antropológicas; pelo desenvolvimento das espécies, pelas influências
religiosas, do direito e dos mitos e instintos, encontrados em Eros e Tanatus.
Em todos os
tempos, pensadores, dominantes e dominados, preservacionistas e pacifistas -
ainda que por razões de sobrevivência individual – buscaram e buscam formas
para se atingir e instaurar a ‘Paz na terra aos homens de boa vontade’ e até
para os de má vontade, por que não? Há que se pensar sempre, até que se
estabeleça, sejamos nós grandes ou pequenos pensadores.
(Sigmund Freud – Obras Completas Volume 18 Tradução: Paulo
César de Souza - Companhia das Letras -
Porque a Guerra – Carta a Einstein -1932)
Publicada na Revista eletrônica Capita Global News em 02/11/2012