Imagem: Natureza morta com instrumentos (1908) - Georges Braque
“Diogo Dias, que é homem gracioso e de prazer,
levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles (os
indígenas) a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam, e riam, e andavam
com ele muito bem ao som da gaita”. Este foi o primeiro registro histórico
sobre a música no Brasil, expresso na carta de Pero Vaz de Caminha.
Na trilha aventureira dos bandeirantes,
chegamos às nossas Minas, E falar de Minas Gerais é falar de origens e de
tradição, de colo e berço, histórias e cantigas.
A história das cantigas, da música mineira,
suas características mediterrâneas que sincretizaram as influências clássicas
herdadas da corte, com os cânticos religiosos do catolicismo e a lasciva
melodiosidade africana, é matéria de estudo dedicado e objeto de muitos
tratados.
O foco que aqui interessa e que vem ao caso, é
que basta um banquinho e um violão, que sempre haverá boa música por essas
bandas. Basta dizer que Aquarela do Brasil, um dos hinos nacionais brasileiros,
uma das músicas mais tocadas e gravadas em todo o mundo, é de Ary Barroso,
mineiro de Ubá. Sem contar com a pequena Miraí, que nos deu Ataulfo.
E num certo encontro, da voz com a poesia,
deu-se a ‘Travessia’ que faria a música mineira ecoar pelo mundo. Vindo
de Três Pontas, o jovem e tímido Milton foi morar numa pensão no edifício Levy,
na Avenida Amazonas, no centro de Belo Horizonte e por lá conheceu Márcio
Borges.
Além de Márcio, Lô e Marilton, Milton e seus
jovens amigos elegeram um boteco entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis, em
Santa Tereza, logo abaixo da casa de Godofredo Guedes, pai de Beto, como seu
ponto de encontro.
E esses amigos, quem eram? Nada mais nada
menos que Tavinho Moura, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Tavito, Flávio
Venturini e Toninho Horta.
Um clube numa esquina entre tantas de Minas,
que são muitas!
Em "O Pioneiro" 12/08/2012