As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Bombom

Imagem: Óleo sobre tela - Anna Razumovskaya

Um sonho,

uma valsa.

Meu desejo faz serenata

no tom e sabor

do seu beijo!



31/08/2012

Brisas

Foto by Jones Poa

Passam os ventos de agosto
e a brisa que anuncia setembro,
traz o perfume da primavera!

31/08/2012

Iluminados

 Foto by Jones Poa


Seja a manhã ensolarada,
florida de brisa fresca,
nas pedras que são caminho.

31/08/2012

Colheita

Foto by Jones Poa

Doces são os frutos
que de tão maduros
prescindem da sabedoria do carvalho.

31/08/2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Refazenda

Imagem: Fazenda Laranjeiras, em Bananal, ilustração de Tom Maia, no livro "Vale do Paraíba -
 Velhas Fazendas", de Sérgio Buarque de Holanda, publicado originalmente em 1975.



O silêncio, que não ouve a cidade, traz o vento cantando segredos, numa melodia triste de acordes inesperados. O ranger do torno que embala o menino, arrepia a crença. Na vela acesa ao pé do Santo, o lenitivo da esperança afasta as quimeras dos maus agouros, pacificando o coração daquela que também é Maria.
A vida e a boiada seguem, no dia que acorda cedo, ainda escuro, antes do galo. Aqui é café com rapadura - na cidade, aristocrático açúcar mascavo- servido junto ao fogão de lenha, com o canto dos primeiros pássaros e um naco de queijo curado.
Segue a boiada e o menino, que na estrada caminha rumo à escola, sob o olhar que o acompanha da varanda, com a certeza de que as boas safras, um dia, o farão doutor na capital.
O silêncio é absoluto na rede e a cadência morna do monjolo anuncia a tarefa de alimentar e colher os ovos e as verduras frescas na horta, enquanto o calor do fogo se prepara para o almoço. Comida farta, fruto de terra fértil e braços fortes e incansáveis.
Depois das mãos já cansadas refrescarem os rostos suados, novidades da aula de Geografia: “Tem um lugar aqui, Mainha, com um rio tão grande que parece mar e que tem tantas plantas e árvores de todos os tipos, que é chamado de Pulmão do Mundo” diz o menino, feliz com as primeiras descobertas e acolhido com um sorriso, continua, antes da primeira garfada: “É sim, foi a Fessora que falou!”. Segue a preocupação do Homem aos ouvidos sempre atentos: “A florada do café é das melhores, mas o Compadre anunciou o risco de geada”.
Tarde de tacho de cobre fumegante, preparando o doce da goiaba vermelha e generosa, que se oferece nos fundos do quintal. Um cheiro doce inunda a casa!
Entre botões e cerzidos o dia declina e anuncia: Ave Maria!

Em "O Pioneiro" - 26/08/2012

Nas Esquinas do Mundo II



            Ainda ali, na esquina do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, há que se falar de uma figura que certamente contribuiu para que a música florescesse naquele momento. Godofredo Guedes, pai de Beto, era, como todo bom mineiro, um contador de casos, além de fantástico compositor. Pouco se fala de sua música e dos seus 104 anos, comemorados neste mês. Recomendo ao leitor que ouça a obra prima que é "Canções de Godofredo Guedes", com interpretação de Paulinho Pedra Azul, Wagner Tiso ao piano e Marcelo Andrade no sax soprano.
            Retomando o rumo da prosa... Minas, que é um misto sincrético de tradição e vanguarda, viu a formação clássica influenciando a música e os músicos populares, além de acompanhar a popularização da música erudita, que transbordou dos teatros e inundou parques e praças.
            Democraticamente surgiram novos talentos de tendências musicais tantas e todas, de Clara Nunes e o samba ao heavy metal do Sepultura, passando pela música instrumental única e criativa do grupo Uakti, compositores como Celso Adolfo e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como Tadeu Franco, Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira e Rubinho do Vale; sem esquecermos o Rock Progressivo do ‘Sagrado Coração da Terra’, Marcus Viana, ‘O Terço’ e ‘14 Bis’ de Flávio Venturini. São tantos os que se seguiram, que a possibilidade da indelicadeza de um esquecimento ou de tornar a leitura enfadonha, impedem-me de nominá-los. Talvez num novo caderno de “O Pioneiro”, poderia ordená-los, alfabeticamente.
Assim como a música mineira singrou horizontes, esse povo acolhedor e bom de prosa recebeu de bom grado, as melodias que pelo mundo ecoavam. Acredito até, que por características dessa gente, dos encontros com amigos ao pé do violão, surgiram iniciativas, especialmente em Belo Horizonte, organizando grandes shows populares nas praças e esquinas. E hoje, cosmopolita, a cidade é jardim musical, que acolhe, de Bocelli a Scorpions, muito além dos frutos da própria terra.


Em "O Pioneiro" 19/08/2012

Nas Esquinas do Mundo I


Imagem: Natureza morta com instrumentos (1908) - Georges Braque



“Diogo Dias, que é homem gracioso e de prazer, levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles (os indígenas) a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam, e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita”. Este foi o primeiro registro histórico sobre a música no Brasil, expresso na carta de Pero Vaz de Caminha.
Na trilha aventureira dos bandeirantes, chegamos às nossas Minas, E falar de Minas Gerais é falar de origens e de tradição, de colo e berço, histórias e cantigas.
A história das cantigas, da música mineira, suas características mediterrâneas que sincretizaram as influências clássicas herdadas da corte, com os cânticos religiosos do catolicismo e a lasciva melodiosidade africana, é matéria de estudo dedicado e objeto de muitos tratados.
O foco que aqui interessa e que vem ao caso, é que basta um banquinho e um violão, que sempre haverá boa música por essas bandas. Basta dizer que Aquarela do Brasil, um dos hinos nacionais brasileiros, uma das músicas mais tocadas e gravadas em todo o mundo, é de Ary Barroso, mineiro de Ubá. Sem contar com a pequena Miraí, que nos deu Ataulfo.
E num certo encontro, da voz com a poesia, deu-se a ‘Travessia’ que faria a música mineira ecoar pelo mundo. Vindo de Três Pontas, o jovem e tímido Milton foi morar numa pensão no edifício Levy, na Avenida Amazonas, no centro de Belo Horizonte e por lá conheceu Márcio Borges.
Além de Márcio, Lô e Marilton, Milton e seus jovens amigos elegeram um boteco entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Santa Tereza, logo abaixo da casa de Godofredo Guedes, pai de Beto, como seu ponto de encontro.
E esses amigos, quem eram? Nada mais nada menos que Tavinho Moura, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Tavito, Flávio Venturini e Toninho Horta.
Um clube numa esquina entre tantas de Minas, que são muitas!

Em "O Pioneiro" 12/08/2012

Emiliana

Imagem: Jornal "O Pioneiro" - 05 de agosto de 2012


Tive a sorte, planejada por um Pai zeloso, de mergulhar desde as primeiras letras, no imaginário mundo de Lobato.
Foi inevitável a identificação com um dos personagens, que bem podia ser Narizinho, mas se fez Emília. Segui assim, canalizando para a observação e análise, a curiosidade, que em mim era e ainda é aguçada e natural.
Daí, numa manhã adolescente, em meio aos estudos de biologia, a ideia inusitada, bem ao estilo Emiliano, reformando a natureza:
- Como seria se nós, humanos, ao invés de sermos mamíferos fossemos ovíparos?
De imediato, além das risadas da professora e dos colegas, a visão de lindos e macios ninhos, enfeitados com babados, fitas e rendas, verde água ou quem sabe lilás. E lá fui eu pensando e discorrendo sem pontos ou vírgulas, como a boneca falante de pano e olhos vivos e brilhantes de botão, sobre as vantagens democráticas deste processo reprodutivo, em que o Pai poderia ser mais participante, chocando em revezamento com a Mãe, lendo calmamente seu jornal matutino e as avós, tias e madrinhas poderiam literalmente ‘babar o ovo’ do futuro rebento. Sem contar que nos livraríamos das dores do parto, cesarianas, estrias, ultrassonografias e inchaços.
E o ovo mensal, se não galado, no sentido empregado no interior de Minas e não nos diversos significados da gíria potiguar, seria simplesmente descartado, sem os doloridos e decantados incômodos femininos.
Ainda agora, escrevendo, investida de meus trapos coloridos, chega a ser divertido pensar em quais seriam os rumos da ciência, quanto aos métodos de inseminação artificial, dos embriões, que talvez nem precisassem ser congelados e das pesquisas com células tronco, que certamente estariam bem mais avançadas.
Absolutamente nada contra a natureza ou a evolução das espécies que guiou nossos rumos, são somente boas e sorridentes lembranças, mas por certo, assim como nessa hipótese estapafúrdia, a vida se faria, surrealista, como Dali, assistindo o nascimento do novo homem.


sábado, 25 de agosto de 2012

Interior

Imagem: O violeiro - Arte Naif - Ernane Cortat

Cheiro agridoce de mato e flor
música cristalina, nascente nas águas
e o violeiro ao pé das toadas.

25/08/2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fim de tarde



Entardecer fazendo preguiça.
na rede,
meu Amor repousa em seu peito.


16/08/2012

Repartição

Imagem: Repartição 01 - Bruno Mazzilli

Carimbos e papéis, ponto.
Semelhanças tolas,
não fazem um Drummond.

16/08/2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

Pequenas Letras





De cronista, um passo,
Espaços, 315,
Um pé na estrada
De longos caminhos.
De poeta, os sentimentos,
Versos inconjuntos,
Nas asas da inspiração,
De um, de tantos e muitos
Pássaros Azuis.

04/08/2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Jardins de Monet

Imagem: Jardins de Monet


Senti todas as cores,
Aromas e sabores.
Bebi sorrisos,
Colhi pessoas,
Num buquê de gerações,
De histórias vividas
E por escrever.
Vivi,
Um pouco de cada vida
Que exala flores em seus jardins.

03/08/2012