Imagem: Teatro Municipal do Rio de
Janeiro.
As
cortinas se abrem lentamente e a expectativa aliviada pelos aplausos, antes
mesmo que o espetáculo comece. Todo palco impõe uma distância, seja qual for o
seu formato – grego, italiano e até mesmo as modernas conchas acústicas-,são
projetados num plano ligeiramente mais alto do que a plateia. Ainda há a
arquitetura magistral de muitos dos mais tradicionais teatros e casas de
espetáculos em todo o mundo. As luzes, sons e cenários criam a magia e
despertam fantasias.Da mesma forma, as salas de cinema, com suas telas
gigantescas e o som envolvendo o espaço, apagam a plateia, que se entrega à
trama e à interpretação dos atores.
É nesse clima de encantamento que osartistas - nem
sempre tão bons-, em todos os estilos e formas de expressão cultural, são
levados ao estrelato e trazem atrás de si, um séquito, uma corte, que deixaram
de ser chamados de plebe para tornarem-se fãs. Sim, fãs que se emocionam e
chegam aos prantos em aeroportos e hotéisà espera de seus “ídolos”, bastando um
aceno ou sorriso, para se ouvir um coro de gritos histéricos e até desmaios em série. E aí nos
perguntamos: De onde vem esse culto, esse amor supremo, que deixa multidões em
transe?
Logo se pensa em histeria coletiva,amplamente estudada, tanto por Freud quanto
por Jung, e que a grande maioria conhece, ao menos superficialmente o
significado. Mas há um cerne, a origem desse tipo de comportamento:a
necessidade inconsciente do ser humano, de criar e sustentar ídolos;até mesmo
para melhor viver ou, ao menos, sobreviver; e que foi coibida por nossa cultura
monoteísta, impedindo-nos de adorar nossos totens. Encontramos nas mais
diversas formas de manifestação cultural, uma fuga da realidade, através de
algo que apesar de ilusório, nos agrada e propicia prazer.
Na
verdade, seguimos – artistas e público- inconscientes desse jogo da fama, já
que nosso show deve continuar!
Publicada
na Revista CAPITA Global News em 28/02/2013