As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Fronteiras



Imagem: Ilustração de Gustave Doré em Contos de Fada de Charles Perrault

                No princípio, contam-lhe histórias. Até um dia, em que depois de aprendidas, você mesmo adormece, embalando com elas um sonho infantil. Assim é ou deveria ser com todos nós e certamente é a partir daí que nascem os escritores em todos os gêneros de expressão, seja na ciência, literatura ou poesia.
                Pelo caminho, ainda hoje e para muitos, ficam as crônicas, situadas em uma fronteira imaginária entre o jornalismo e a literatura, a despeito inclusive dos imortais: Machado de Assis, Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade, citando apenas alguns, por não ser possível enumerar uma lista interminável de grandes nomes.
                Sob essa ótica, o cronista não se prende à exatidão necessária à informação, não noticia, apesar de muitas vezes comentar temas do dia a dia, utilizando de figuras literárias e até poéticas em sua narrativa, mostrando aos olhos do leitor, uma situação comum, com um colorido especial e ângulo singular. Há análises ainda mais críticas, que consideram a crônica uma produção curta e apressada, com linguagem descompromissada, uma aparente “conversa fiada”; talvez uma sequela de suas origens em folhetins, na Europa do século XVI.
                A bem da verdade, no Brasil a crônica tem uma boa história e até se poderia dizer que é um gênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui, influenciada por nossa cultura, nossos “contadores de causos” e histórias de pescador. Chegou por aqui na segunda metade do século XIX e era muito parecida com os textos publicados nos jornais franceses. Com o passar do tempo, a crônica brasileira foi, gradualmente, distanciando-se dessa influência e passou a ter um caráter mais literário, de linguagem mais leve e envolvendo lirismo e fantasia, a poesia do quotidiano.
Certo, em minha opinião, é que se trata de um gênero leve, prazeroso para quem escreve ou lê, sem qualquer barreira ou fronteira com o leitor, que para o cronista é bem mais, um interlocutor.

Publicada na Revista CAPITA Global News em 14/02/2013

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