Imagem: Fonte - Google
Falo de uma revolução
silenciosa, que apesar de passar diante de nossos olhos todo o tempo, completou
80 anos, quase despercebida. No início do século passado, o londrino “The
Times”, orgulhava-se de sua tipografia, chegando a ser citado por Arthur Conan
Doyle e seu famoso detetive, Sherlock Holmes: “A identificação das letras
impressas é um dos ramos mais elementares do conhecimento para o especialista
em crimes, embora eu confesse que, quando jovem, confundi o ‘Leeds Mercury’ com
o ‘Western Morning News’, mas o tipo dos editoriais do ‘Times’ é inconfundível”
(“O cão dos Baskervilles”).
Entretanto, foi duramente
criticado, como um jornal antiquado e mal impresso, por Stanley Morison,
audacioso consultor da empresa tipográfica Monotype Corporation, já que à
época, The Times era um senhor jornal de quase 150 anos. Assim, desafiados,
convidaram o próprio Morison para criar uma nova e
inconfundível identidade editorial. Em sua proposta de 38 páginas, o consultor
não se fez de rogado e sugeriu uma nova fonte tipográfica que fosse “masculina,
inglesa, direta, simples... e absolutamente livre de modismo e frivolidade”,
além de atender às recomendações dos gestores por uma letra parecesse mais
larga, sem ocupar mais espaço que a anterior, ligeiramente pesada e acima de
tudo altamente legível.
A fonte Times New Roman estreou na edição de 3 de outubro de 1932 e
causou um impacto muito positivo, mesmo entre os leitores mais conservadores do
jornal. O que ninguém esperava, editores e nem o próprio Morison, foi o
estrondoso sucesso que teria ao longo do século XX. Vários e renomados jornais
começaram a utilizá-la, chegando aos livros dois anos depois. Daí em diante,
disparou: revistas, dicionários, publicidade e em todas as mídias que se valem
da tipografia. Funcionou perfeitamente por 40 anos, mudando cinco vezes para
atender aos avanços tecnológicos. Hoje é provavelmente a mais escolhida para as
dissertações e teses acadêmicas.
Enfim, as letras contam sua própria história!
Publicada na revista CAPITA Global
News em 07/02/2013
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