As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Naquele Jardim


Imagem: Vaso de dálias e gerânios em meu jardim – Raquel Taraborelli



              Um recanto em que se respire o verde das manhãs e se refresque o humor depois de um dia atribulado. Um desejo bem comum àqueles que vivem em grandes cidades, cercados de concreto e tantas vezes engaiolados.
              A verdade é que a ideia de ter um jardim para chamar de meu, vem me acompanhando insistentemente. Sem a pretensão das maravilhas de Monet ou das cores de Burle Marx que perfumam as curvas de Niemeyer por essas terras, vou planejando e escolhendo algumas, entre as belezas que nossa exuberância tropical oferece.
                Tal dedicação a um projeto que ainda levará algum tempo até se materializar, levou-me a revolver os pensamentos, em busca de suas raízes. Assim, deparei-me com um outro jardim, na Atenas de 306 a.C, onde viveu o filósofo Epicuro, considerado um dos precursores do pensamento anarquista no período clássico.
             Em comum, os cálculos renais, o que nos torna profundos conhecedores das dores humanas, nem sempre possíveis de se evitar. Felizmente não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer, muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez.
         Como enfatizou o prazer, sua doutrina foi muitas vezes confundida com o hedonismo. Mas o prazer de que trata, é entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo; valorizando a vida simples, próxima à natureza e considerando a saúde como nosso maior bem.
               Enfim, entendi minhas motivações e bem além disso, que para se ter o próprio jardim, não são necessárias flores, canteiros ou árvores frondosas. Talvez seja por isso que os sabiás cantam em minha janela nas manhãs ensolaradas e muitas vezes entram desavisados pela casa, buscando por migalhas ou, quem sabe, pelo acolhimento de seus ninhos, outrora em palmeiras.


Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 10/02/2013

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