As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 26 de agosto de 2012

Emiliana

Imagem: Jornal "O Pioneiro" - 05 de agosto de 2012


Tive a sorte, planejada por um Pai zeloso, de mergulhar desde as primeiras letras, no imaginário mundo de Lobato.
Foi inevitável a identificação com um dos personagens, que bem podia ser Narizinho, mas se fez Emília. Segui assim, canalizando para a observação e análise, a curiosidade, que em mim era e ainda é aguçada e natural.
Daí, numa manhã adolescente, em meio aos estudos de biologia, a ideia inusitada, bem ao estilo Emiliano, reformando a natureza:
- Como seria se nós, humanos, ao invés de sermos mamíferos fossemos ovíparos?
De imediato, além das risadas da professora e dos colegas, a visão de lindos e macios ninhos, enfeitados com babados, fitas e rendas, verde água ou quem sabe lilás. E lá fui eu pensando e discorrendo sem pontos ou vírgulas, como a boneca falante de pano e olhos vivos e brilhantes de botão, sobre as vantagens democráticas deste processo reprodutivo, em que o Pai poderia ser mais participante, chocando em revezamento com a Mãe, lendo calmamente seu jornal matutino e as avós, tias e madrinhas poderiam literalmente ‘babar o ovo’ do futuro rebento. Sem contar que nos livraríamos das dores do parto, cesarianas, estrias, ultrassonografias e inchaços.
E o ovo mensal, se não galado, no sentido empregado no interior de Minas e não nos diversos significados da gíria potiguar, seria simplesmente descartado, sem os doloridos e decantados incômodos femininos.
Ainda agora, escrevendo, investida de meus trapos coloridos, chega a ser divertido pensar em quais seriam os rumos da ciência, quanto aos métodos de inseminação artificial, dos embriões, que talvez nem precisassem ser congelados e das pesquisas com células tronco, que certamente estariam bem mais avançadas.
Absolutamente nada contra a natureza ou a evolução das espécies que guiou nossos rumos, são somente boas e sorridentes lembranças, mas por certo, assim como nessa hipótese estapafúrdia, a vida se faria, surrealista, como Dali, assistindo o nascimento do novo homem.


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