Wassily Kandinsky – Composition VIII -
1923
Chamo simplesmente de coincidências, o que muitos classificam através de
inferências e interpretações até esotéricas e assim vão muito além, ao mundo
das fantasiosas e elucubrativas associações humanas.
Aconteceu assim com Kandinsky, artista que desde cedo me impressionou - de
forma, eu diria, empírica - em especial em sua fase musical, com suas composições e improvisações. Do sentir suas cores
e formas, nasceu o interesse em conhecer mais sobre o homem, seu mundo e suas
influências. Já na primeira e sucinta leitura biográfica, a constatação: a
coincidência em nossas datas de nascimento.
Mais tarde o descobri na poesia, muito menos conhecido pelas letras do
que reconhecido pelas tintas. A propósito, trago aqui os versos desse poeta
intitulado “Mais tarde”:
Na profunda altura eu hei de encontrar-te./
Lá onde o liso fura./ Lá onde o afiado não corta./ Tu usas o anel na mão
esquerda./ Eu uso o anel na mão direita./ Ninguém vê a corrente./ Mas estes
anéis são os últimos elos da corrente.//O começo// O fim. (Tradução:
Anabela Mendes).
De um poeta a outro, Rilke, que tanto aprecio, além do fato de também ter
nascido em um 4 de dezembro, fala de seu entendimento sobre as artes, em uma
das cartas a um jovem poeta. Nela, Rainer diz que arte é apenas um modo de
viver e é possível se preparar para ela sem o saber, vivenciando-a de uma
maneira ou outra. E acrescenta que em tudo que é real há maior proximidade do
que é artístico do que nas falas dos profissionais, que ao simular o
conhecimento, negam e atacam, na prática, a existência da arte. Tece ainda
críticas aos jornalistas, críticos e até literatos, nesse aspecto e é dessa
forma que explica, bem melhor do que eu, que o essencial quando se trata de
arte é a percepção, o experimentar e sentir.
Não por mera coincidência, é indispensável o equilíbrio entre razão e
emoção!
Publicada no Jornal "O Pioneiro" em 18/11/2012
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