Imagem: Divã de Freud - Fonte: Google
Muito além das teorias, marco
inegável no trilhar das Ciências Humanas, a obra de Sigmund Freud se apresenta
com reconhecida elegância literária. Não foi à toa que Freud recebeu em 1930 o
prêmio Goethe da cidade de Frankfurt, pelo valor científico e literário de sua
obra. Para Bruno Bettelheim, um entusiástico estudioso, Freud expressou-se
quase sempre com verdadeira eloquência, usando a língua alemã de forma
magistral e freqüentemente poética.
A meu ver, o estudo da
psicanálise, a partir de Freud, torna-se ainda mais interessante ao se atentar
às influências das artes e da literatura, em especial da Poesia, em sua obra. A
análise dos grandes mestres, pintores e escultores, merece um olhar minucioso.
Aliás, nada mais freudiano do que o sorriso de Mona Lisa, diga-se de passagem.
Vamos aos poetas, já que o início
dos meus estudos psicanalíticos coincidiu com a ousadia nos versos, abrindo
caminhos para uma análise pessoal. Freud admite abertamente que os poetas
conhecem o inconsciente e indica que através deles se pode ir além...
É marcante a presença de Goethe,
com citações textuais ao longo de toda a obra, chegando a merecer um texto de
1917, tratando de memórias infantis, baseado na autobiografia do poeta,
intitulada “Memórias: poesia e verdade”. Chego a uma esfíngica questão: Que
relação haveria entre o uso do nome e do objeto divã em psicanálise e a obra
Divan(Coleção de poemas em persa), de Goethe, publicada originalmente em 1819 e
reeditada em 1827?
E concluo sobre a poética em
psicanálise: De certa forma, ser psicanalista é possibilitar que o analisando
escreva sua poesia, reconstrua seu passado, teça um novo mito sobre seu
existir. Ao romper com uma série de limites do pensamento de sua época, Freud
foi poeta a cada vez que o cientista ficava sem chão.
Publicada na Revista CAPITA
Global News em 29/11/2012
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