Imagem: Ilustração de Rocco Fazzari
Ser ou não ser, certamente
é questão fundamental, não somente para Hamlet, mas para o próprio Shakespeare.
As dúvidas sobre a autoria ser do próprio Mr. Shake existem desde o século
XVIII e ainda hoje muitos estudam o assunto.
Na semana
passada, um amigo me lembrou do tema, perguntando-me de forma despretensiosa:
Seria Shakespeare um laranja? Ainda que divertida a maneira de se colocar, é
assim mesmo que muitos pensam. Na verdade, a falta de dados biográficos
precisos sobre ele, alimenta este ar de mistério que o envolve. Entre os
suspeitos ilustres à sua identidade secreta surgem nomes como Francis Bacon e
Christopher Marlowe, além dos nobres Condes de Derby e Oxford - Eduardo de Vere
- hoje o mais cotado entre eles.
Aqueles que se
dedicam a estudar sua vida e obra, tecem argumentações imensas e muitas vezes
chatas de ler, havendo até quem defenda que além de ser outro, Shakespeare era
muitos; ou apresente hipóteses mirabolantes como a que aponta o pequeno poema
reflexivo que transcrevo, como prova de sua face oculta: Por que só escrevo
essa monotonia/ tão incapaz de produzir inventos/ que cada verso quase
denuncia/ meu nome e seu lugar de nascimento?
Diante da
genialidade das peças de Shakespeare - fantásticas, mesmo com o passar do tempo
- sinceramente essas teorias não me importam. Importa-me sim que um ou alguns
foram capazes de criar uma obra tão rica. Que os estudiosos e críticos de todas
as partes do mundo se ocupem de analisar as diversas grafias de seu nome ou o
vocabulário imenso de cerca de vinte e nove mil palavras, enquanto me ocupo em
desfrutar cada uma delas. Talvez jamais cheguem a uma conclusão, por absoluta
falta de provas concretas.
Fico só com uma
pergunta: Porque os verdadeiros herdeiros de sua obra não reclamaram seus
direitos, já que mesmo à época já representava um empreendimento rentável? Eis a
questão.
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 14/07/2013
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