Imagem: Imbondeiro – Fonte: Google/divulgação
Vira e mexe me
pego encafifada com os termos e expressões idiomáticas empregados na linguagem
oral e coloquial pelo Brasil afora, sejam eles atuais ou mais antigos. A
palavra encafifada mesmo, já serve de exemplo e apesar de fora de uso ainda soa
melhor do que ensimesmado. Não se enganem, nada tem a ver com cafifa, que é
desejar má sorte a alguém em um jogo qualquer ou outro nome dado a pipas e
papagaios. Só até aqui, já se tem uma noção da diversidade de usos para uma
única palavra e de que, muitas vezes, pouco vale buscar na etimologia seu
significado. 
O mais
interessante é que quando me lembro de uma, passa a ser a primeira de uma fila
quase interminável. Pode realmente se tornar um imbondo, uma dificuldade, como
ainda se diz no interior das Minas Gerais. Em Moçambique imbondos são os
baobás, essas árvores gigantes há muito consideradas sagradas em toda a África,
como pontes entre o céu e a terra, antes mesmo que se soubesse de suas tantas
propriedades medicinais.
Daí, se tiver
algum tempo para vagabundear pensamentos, viajo por estas terras de tantos
trejeitos e sotaques e posso ainda navegar por outros mares de língua
portuguesa, num verdadeiro escambau de palavras a permutar seus significados.
No Brasil império era assim chamada uma grande feira para troca de mercadorias
sem uso da moeda corrente, vestígios dos escambos praticados com os índios
durante a colonização. Há quem defenda a idéia de que a palavra tenha sua
origem em cambada, enquanto outros acreditam ser corruptela de “whisk and
bowl”, acreditem.
São muitas as
possibilidades de usos para as palavras ditas e escritas neste nosso idioma tão
rico, significados sempre influenciados pela geografia e contornos de micro
regiões, marcadas por seus aspectos culturais no tempo.
Aqui, meu
escambau é um et cetera, já que a linguagem é viva e dinâmica e segue
remodelando-se.
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 21/07/2013

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