As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um voo solitário

Imagem: Google/divulgação 


Todo mundo sabe: adolescente é no mínimo chato, tanto para quem está dentro – sendo - quanto para quem, não sendo da turma, convive com eles de alguma forma. Falo como quem já foi um e como quem tem um em casa, mas especialmente enquanto profissional que já se dedicou, numa missão quase impossível, a orientar menores “em situação irregular”, quando ainda eram chamados de delinquentes juvenis. Esses que, para além da adolescência, se vêem presos, mesmo antes de serem, à crueza da situação social a que estão submetidos e na maioria das vezes a distúrbios emocionais severos.

Mas vamos aos que passam, muitas vezes em bandos, nas tardes em shoppings de qualquer cidade. A começar pelo embate entre as espinhas e o espelho, nada é simples nesta fase. Debatem-se entre o comportamento infantil e inconsequente e os primeiros raios de lucidez em busca dos próprios caminhos, somando-se a isto – como se fosse pouco – as desengonçadas mudanças físicas de enlouquecer qualquer identidade corporal e a explosão hormonal num déjà vu coletivo de Romeus e Julietas. Em síntese, são turbilhões ambulantes.

Só até aí já estariam aptos a receber um cuidado maior por parte dos ditos adultos que com eles se relacionam, sejam os pais, educadores ou orientadores. Seria muito mais fácil não fossem os questionamentos e críticas de toda ordem, além da rebeldia típica e os delírios de onisciência e onipotência, aliados íntimos da síndrome de super-herói. É por tudo isto que muito gentilmente podemos dizer que são surpreendentes.

Fórmulas mágicas não existem, mas cabe buscar o equilíbrio entre a colocação dos limites necessários e a permissividade impotente através da camaradagem do diálogo, quando a ajuda de um especialista não se fizer necessária.

E lembrar que tornar-se pessoa é um voo solitário, podendo-se ficar horas flanando como os albatrozes ou incansáveis como os beija-flores e que poucos, como os corvos, seguem seus voos em linha reta.


Publicada na revista CAPITA NEWS em 13/09/2013

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