Imagem: Google/divulgação
Todo
mundo sabe: adolescente é no mínimo chato, tanto para quem está dentro – sendo
- quanto para quem, não sendo da turma, convive com eles de alguma forma. Falo
como quem já foi um e como quem tem um em casa, mas especialmente enquanto
profissional que já se dedicou, numa missão quase impossível, a orientar
menores “em situação irregular”, quando ainda eram chamados de delinquentes
juvenis. Esses que, para além da adolescência, se vêem presos, mesmo antes de
serem, à crueza da situação social a que estão submetidos e na maioria das
vezes a distúrbios emocionais severos.
Mas
vamos aos que passam, muitas vezes em bandos, nas tardes em shoppings de
qualquer cidade. A começar pelo embate entre as espinhas e o espelho, nada é
simples nesta fase. Debatem-se entre o comportamento infantil e inconsequente e
os primeiros raios de lucidez em busca dos próprios caminhos, somando-se a isto
– como se fosse pouco – as desengonçadas mudanças físicas de enlouquecer
qualquer identidade corporal e a explosão hormonal num déjà vu coletivo de
Romeus e Julietas. Em síntese, são turbilhões ambulantes.
Só
até aí já estariam aptos a receber um cuidado maior por parte dos ditos adultos
que com eles se relacionam, sejam os pais, educadores ou orientadores. Seria
muito mais fácil não fossem os questionamentos e críticas de toda ordem, além
da rebeldia típica e os delírios de onisciência e onipotência, aliados íntimos
da síndrome de super-herói. É por tudo isto que muito gentilmente podemos dizer
que são surpreendentes.
Fórmulas
mágicas não existem, mas cabe buscar o equilíbrio entre a colocação dos limites
necessários e a permissividade impotente através da camaradagem do diálogo,
quando a ajuda de um especialista não se fizer necessária.
E
lembrar que tornar-se pessoa é um voo solitário, podendo-se ficar horas
flanando como os albatrozes ou incansáveis como os beija-flores e que poucos, como
os corvos, seguem seus voos em linha reta.
Publicada na revista CAPITA NEWS em 13/09/2013
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