As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pontos e parágrafos



Imagem: Drawing Hands -M.C. Escher - 1948


Sabemos bem o quanto atualmente é simples obter informações sobre qualquer coisa ou pessoa em todo canto deste nosso mundo global e informatizado, apesar das redes pescarem de tudo sem o menor senso crítico ou juízo de valor. Vale o que está escrito, fidedignidade já é outro assunto. 

Através de alguma pesquisa de público-alvo acabam nos encontrando. Em um desses e-mails comerciais de uma editora bem conhecida oferecendo um curso de aprimoramento das técnicas de redação para escritores, a primeira frase, como sempre de efeito, bastou para mudar completamente meu foco do objetivo do restante do texto: “É difícil saber quando certas coisas chegam ao fim.”

Todos já penamos com aquelas visitas infindáveis, que não percebem a inconveniência das horas e nunca vão embora antes que se coloque uma vassoura virada atrás da porta, simpatia que se fazia quando era menina. E as reuniões que se arrastam - perdidas da pauta - num desfile de egos inflados, que com frequência se atracam em embates inócuos. Ah, os discursos! Tenho arrepios quando um tio pede a palavra num aniversário. Perde-se muito com tantas inutilidades.

Além dessas experiências tão comuns, motivos para muitas piadas, realmente não é nada fácil reconhecer os fins, especialmente quando necessários e até se lembrar de alguns começos, como se pessoas, relacionamentos e circunstâncias sempre tivessem sido parte do cenário. Nossa cultura continua povoando as cabecinhas dos pequenos com o “e foram felizes para sempre”, como se “para sempre" fosse um lugar logo depois da esquina e felicidade nascesse como árvores.

Na vida, como na literatura, importam os finais de cada capítulo encadeado ao início do próximo, assim como o final de um livro, ainda que não seja romance. Mas acima de tudo, mais importante é escrever (-se), buscando aprimorar-se sempre, compondo uma obra única, página por página, com todas as vírgulas, interrogações, pontos e parágrafos necessários. E que sejam muitas as exclamações!



Publicada na Revista CAPITA News em 26/09/2013

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