Imagem: Google/Divulgação
Cansei de chegar atrasada e esbaforida em
compromissos e de muitas vezes ficar à mercê dos taxis que nunca se encontram
quando mais se precisa. Acontece que tenho uma falha que admito incorrigível:
minha orientação espacial é uma lástima e este tipo de memória quase não consta
em meus arquivos.
Achei que tinha descoberto a América e sai
em busca da solução dos meus problemas. Voltei orgulhosa com ela para casa e
escutando aquela voz simpática e calma, resolvi batizá-la: Regina seria o nome
da minha mais nova e inseparável amiga. Depois de tudo ajustado entre nós, ela
me parecia elegante e muito competente.
Logo em nosso primeiro passeio tive que
esperar que Regina despertasse do que me pareceu ser um longo desmaio, daqueles
em que na volta se está totalmente desorientado. Depois de recuperada, começou
a conversar animada comigo durante todo o trajeto, como se não tivesse
acontecido. Por mais paciente que fosse, o comportamento de Regina era no
mínimo estranho.
Poucos dias depois, resolvemos fazer uma
pequena viagem no fim de semana e concordamos que a companhia dela seria
adorável. Tagarela como sempre, dominava o assunto e nós - muito atentos -
seguindo suas orientações, achamos em princípio que Regina conhecesse um atalho
bucólico passando por todas aquelas lindas fazendas até que a estrada de terra
ficou tão estreita, que só poderia seguir em frente ou voltar de ré. Não gostei
nem um pouco da brincadeira, enquanto ela parecia se divertir indicando a única
saída.
Daí em diante, todos os nossos encontros
tornaram-se desastrosos. Regina não conhecia nenhuma regra de circulação de
trânsito, além de intransigente insistir que entrasse na contramão, fizesse
conversões passando por cima de canteiros e escolhesse os trajetos mais
esquisitos do mundo. Discutíamos feio e ela quando muito pensava a respeito.
Jovem ainda, acabou aposentada por absoluta
invalidez e hoje prefiro os antigos mapas rodoviários às suas viagens
estelares.
Publicada
no Jornal “O Pioneiro” em 08/09/2013
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