Fonte da Imagem: Google
Comecei muito bem, já que o tema
aqui será o acordo ortográfico. O próprio título que havia escolhido cabe como
um bom exemplo dessa história toda e me proporcionou uma ida à biblioteca e a
uma livraria, além de uma boa pesquisa no Google. Nada mau para uma única
palavra! Encontrei lengalenga, escrito assim no Aulette e na versão anterior ao
acordo no Aurélio. Em outros, encontrei com hífen ou escrita separadamente e
até me surpreendi com as duas formas no mesmo dicionário. Só até aí já se tem
uma noção da complexidade da questão.
A apoteótica idéia de propor o
acordo ortográfico surgiu de cerca de vinte cabeças iluminadas reunidas na
Academia de Ciências de Lisboa em 1990. Depois de idas e vindas, houve uma
questionável alteração de protocolo em 2004, antes mesmo da ratificação do
acordo por todos os países de língua portuguesa. O fato é que o Guia prático da
nova ortografia de Douglas Tufano, só foi publicado no Brasil em 2008 pela
Editora Melhoramentos, numa época em que se achava que realmente entraria em
vigor no país.
E como acho melhor usar um
sinônimo para não correr riscos, a cantilena persiste ainda hoje, sem que se
saibam ao menos os objetivos práticos ou teóricos de tal proposta, apesar de
bem conhecidos os motivos pelos quais não saiu do papel até agora.
É no mínimo um equívoco
padronizar a língua portuguesa escrita cá, lá ou alhures, sem se considerar a
riqueza da diversidade nascida da cultura de cada região, influenciadas pela
sua história, além de serem geograficamente esparsas pelo mundo. Afinal, não
são diferenças tão subtis assim.
Além disso, nos entendíamos bem
assim como estávamos. Não se deixou de ler Jorge Amado em Portugal ou Saramago
no Brasil. Tudo que se produziu foi o caos, segundo o escritor português Pedro
Correia, um caos "tecnicamente insustentável, juridicamente inválido,
politicamente inepto e materialmente impraticável".
Publicada na Revista CAPITA
Global News em 07/06/2013.
http://www.capitaglobalnews.com.br
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