As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Cartas a Ophélia



Imagem: Uma das ilustrações do livro sobre Fernando Pessoa e Ofélia



Foi uma entre as Ofélias, pouco mais do que uma menina sonhadora, uma moça casadoira, como se dizia então. Fez-se mais especial aos olhos do poeta do que a insana noiva suicida de Hamlet, incansavelmente retratada por tantos artistas e escritores.  Como fosse a única lua de Urano, teve dele mais do que todos, viveu o amor do homem que guardava o poeta.

Esta foi Ophélia Queiroz, nascida na Rua das Trinas, em Lisboa, nos idos de 1900, ao que se sabe a única namorada de Fernando Pessoa. Foram poucos e intensos os meses de convívio entre eles, em períodos de 1920 e 1929, até se saber abandonada, mas jamais substituída por outra mulher, e sim pelos encantos da poesia. Ficaram as cartas trocadas entre eles, às centenas, transformando o amor não consumado em um contato cordial, embora esporádico, até a morte do poeta.

Os sentimentos partilhados na intimidade permitiram, a ela somente, transitar livremente em Fernando Pessoa e seu séquito de heterônomos. Somente com Álvaro de Campos não se dava, chegando a dizer que quando se casassem, não queria o engenheiro morando em casa. A antipatia entre eles parecia mútua, tanto que anos depois lhe respondeu assim, à altura dos sabidos versos sobre cartas de amor: Mais ridículo é quem nunca escreveu uma carta de amor.

As cartas do poeta foram publicadas pela primeira vez em 1978, em Portugal, seguidas pelas da amada, em 1996. Em 2013, como parte da programação do Ano de Portugal no Brasil, às vésperas do dia dos namorados e comemorando o 125º aniversário de Fernando Pessoa, chegou às livrarias uma nova edição ampliada através do acesso a 350 cartas, bilhetes, telegramas e cartões postais do acervo particular do casal brasileiro Bia e Pedro Corrêa do Lago. É sem dúvida uma magnífica contribuição à biografia de Pessoa, apresentando-o como um homem normal, dentro da genialidade de ser tantos. Um homem comum que para sua Ophélia, assinava simplesmente:





  
Publicada no sítio Poetas Trabajando em 13/06/2013 em homenagem ao 125º aniversário de Fernando Pessoa.

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