Imagem: Foto de Eduardo Gonçalves e
Veiga
Calaram-se a
música e as artes todas, adiadas, nesses dias de tantas bandeiras clamando
direitos pelo Brasil afora. O fantasma da falta de assunto, que assombra a todo
cronista, cedeu lugar a um único tema. Aos que se dedicam ao cotidiano, o
status quo em suas tantas opiniões e hipóteses inconclusas, já que o movimento
nas ruas deixou atônitos até os cientistas políticos e outros estudiosos na
área social e de comportamento. Nesse momento, são as várias interpretações do
mesmo texto. A análise ainda imprevista virá a seu tempo e passará à História
dessa brava gente, que marcha sem prever possíveis retrocessos. Por sorte,
concluo pela conversa do amigo, os contextos históricos não se repetem.
A mim, meio fora
desta órbita, resta a lua, restos meus, já que ela mostrou-se em toda a sua
abundante beleza, esplêndida e absoluta. Uma superlua pressentida pelas marés
em seu brilho máximo, encanto eterno dos enamorados e poetas de todos os cantos.
A lua do perigeu, quando mais próxima de nós, como a lançar um olhar de
despedida ao planeta, antes de se distanciar em seu trajeto até o ponto mais
longínquo, que estranhamente os astrônomos chamam de apogeu.
Nas turbulências
dessas terras em que se ouve um só brado retumbante, estou certa de que poucos
a admiraram em sua grandeza. Enquanto imperava a bela soberana, milhões estavam
presos a telas, buscando os noticiários. Os estampidos dos foguetes e as
fogueiras eram outras, que não comemoravam festas juninas. Muitos eram olhos
cabisbaixos, ocupados com os pés descalços e os percalços das pedras lançadas
pelo caminho; outros míopes perdidos e sem foco, além dos cegos, obcecados e
loucos, que se perderam da poesia. Os meus apesar de tudo, lunáticos e alheios
a tudo, fizeram parar meu tempo e se juntaram a todos que a abraçavam ao redor
do mundo, unidos a um olhar em especial, que queria saber perto.
Publicada na Revista CAPITA Global News em 26/06/2013
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