As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quarta-feira, 26 de junho de 2013

À luz de um céu profundo



Imagem: Foto de Eduardo Gonçalves e Veiga


Calaram-se a música e as artes todas, adiadas, nesses dias de tantas bandeiras clamando direitos pelo Brasil afora. O fantasma da falta de assunto, que assombra a todo cronista, cedeu lugar a um único tema. Aos que se dedicam ao cotidiano, o status quo em suas tantas opiniões e hipóteses inconclusas, já que o movimento nas ruas deixou atônitos até os cientistas políticos e outros estudiosos na área social e de comportamento. Nesse momento, são as várias interpretações do mesmo texto. A análise ainda imprevista virá a seu tempo e passará à História dessa brava gente, que marcha sem prever possíveis retrocessos. Por sorte, concluo pela conversa do amigo, os contextos históricos não se repetem.

A mim, meio fora desta órbita, resta a lua, restos meus, já que ela mostrou-se em toda a sua abundante beleza, esplêndida e absoluta. Uma superlua pressentida pelas marés em seu brilho máximo, encanto eterno dos enamorados e poetas de todos os cantos. A lua do perigeu, quando mais próxima de nós, como a lançar um olhar de despedida ao planeta, antes de se distanciar em seu trajeto até o ponto mais longínquo, que estranhamente os astrônomos chamam de apogeu.

Nas turbulências dessas terras em que se ouve um só brado retumbante, estou certa de que poucos a admiraram em sua grandeza. Enquanto imperava a bela soberana, milhões estavam presos a telas, buscando os noticiários. Os estampidos dos foguetes e as fogueiras eram outras, que não comemoravam festas juninas. Muitos eram olhos cabisbaixos, ocupados com os pés descalços e os percalços das pedras lançadas pelo caminho; outros míopes perdidos e sem foco, além dos cegos, obcecados e loucos, que se perderam da poesia. Os meus apesar de tudo, lunáticos e alheios a tudo, fizeram parar meu tempo e se juntaram a todos que a abraçavam ao redor do mundo, unidos a um olhar em especial, que queria saber perto.


Publicada na Revista CAPITA Global News em 26/06/2013

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