Imagem: Pipas - Cândido Portinari -
1941
Para um bom
entendedor, um pingo é letra, ponto de parada que em si encerra e de partida na
expectativa do próximo parágrafo, com fôlego recuperado e idéias refeitas.
Divagações que me trazem bons temas, língua portuguesa e linguagem. Muito se
fala do Acordo Ortográfico, que continua gerando desacordos, tamanhas as
diferenças entre o português falado e escrito pelos cantos do mundo, sem
considerar as que encontramos nos regionalismos em nosso próprio país. Se já
são gritantes na linguagem oral, pode-se imaginar um oceano entre as letras,
especialmente no que se chama de linguagem culta. Que o digam os escritores,
poetas e os amantes da boa literatura.
Faço aqui apenas
uma observação e não a queixa comum de uma maioria monoglota que alimenta o
mito de ser o português “a língua mais difícil do mundo”. Um deslize na
concordância ou no gênero - muitas vezes de palavras de origem árabe ou inglesa
- basta para que o cidadão amaldiçoe a língua pátria, já que mãe, ao pé da
letra seria o sânscrito.
À parte a
discussão, muito mais teórica e que no momento não nos altera tanto a prática,
importam a todos as formas de expressão, já que a comunicação oral ou escrita é
parte de nossa cultura e do quotidiano. Dia desses recebi um e-mail
institucional que estabelecia normas, inclusive de tratamento, para sua
utilização. Inicialmente achei até divertido, partindo do entendimento de que
seriam óbvias demais para serem necessárias. A surpresa quanto ao meu equívoco,
veio pouco tempo depois, com uma mensagem trocada entre colegas de trabalho e
copiada por engano à instituição interessada. Os termos utilizados, quando
muito, poderiam ser adequados em partidas de futebol e além de estremecerem as
relações institucionais, foram motivo para uma punição administrativa exemplar
aplicada aos desbocados. Fica a lição sobre o poder da comunicação e a moral da
história: as palavras, nem sempre o vento leva!
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