As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 5 de maio de 2013

Êita, caboclo!



Imagem: Caboclo d’água por Deivison Silvestre.

A criatura que muitos juram ter visto em Barra Longa, gerou uma longa história, saída do folclore que dizem de origem indígena para as manchetes de jornais e tem até retrato falado. São assim certos personagens lendários nas Minas Gerais, ganham vida e vão crescendo à boca miúda, como é atualmente o caso do Caboclo d’água, eminente figura.

Ao que se sabe ou se conta, é originário das barrancas do Velho Chico ou passou muito tempo por aquelas bandas, mas parece que como o povo de lá descobriu que tem medo de cara feia e começou a usar carrancas para evitar que virasse os barcos, além de dar-lhe fumo para acalmar seu ânimo exaltado, desceu rio abaixo, subiu a Serra do Espinhaço e achou por bem se abancar nas águas do Rio Gualacho e assombrar a gente pacata que vive por lá.

Vaidoso por merecer até poesia de Henriqueta Lisboa, o caboclo não contava com a ousadia dos ribeirinhos e moradores da região que pretendem tirar-lhe o sossego e exterminá-lo a qualquer preço, ou melhor, sua cabeça foi posta à prêmio, por dez mil Reais. Arregimentaram-se em torno da Associação dos Caçadores de Assombração e Monstros de Mariana (ACAM), munidos de câmeras, binóculos, lanternas, GPS e um aparelho que emite ondas sonoras com efeito paralisante – equipamentos de tecnologia de última geração – e pretendem capturar o principal suspeito de matar bezerros, dizimar criações e atacar pessoas que se banhavam no ribeirão, apontado inclusive em ocorrência policial. Por enquanto, os associados se reúnem secretamente, para não chamar a atenção das assombrações de plantão, mas prometem a emboscada para julho, quando as águas baixarem.

Como boa mineira, na dúvida se fato verídico, história de pescador, simplesmente folclore ou falta do que fazer, não arrisco nem uma linha - ainda que de pescar – naquelas águas, já me bastam as notícias que nos assombram nos jornais nossos de cada dia.


Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 05/05/2013

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