Imagem: Caboclo d’água por Deivison
Silvestre.
A criatura que
muitos juram ter visto em Barra Longa, gerou uma longa história, saída do
folclore que dizem de origem indígena para as manchetes de jornais e tem até
retrato falado. São assim certos personagens lendários nas Minas Gerais, ganham
vida e vão crescendo à boca miúda, como é atualmente o caso do Caboclo d’água,
eminente figura.
Ao que se sabe
ou se conta, é originário das barrancas do Velho Chico ou passou muito tempo
por aquelas bandas, mas parece que como o povo de lá descobriu que tem medo de
cara feia e começou a usar carrancas para evitar que virasse os barcos, além de
dar-lhe fumo para acalmar seu ânimo exaltado, desceu rio abaixo, subiu a Serra
do Espinhaço e achou por bem se abancar nas águas do Rio Gualacho e assombrar a
gente pacata que vive por lá.
Vaidoso por
merecer até poesia de Henriqueta Lisboa, o caboclo não contava com a ousadia
dos ribeirinhos e moradores da região que pretendem tirar-lhe o sossego e exterminá-lo
a qualquer preço, ou melhor, sua cabeça foi posta à prêmio, por dez mil Reais. Arregimentaram-se
em torno da Associação dos Caçadores de Assombração e Monstros de Mariana
(ACAM), munidos de câmeras, binóculos, lanternas, GPS e um aparelho que emite
ondas sonoras com efeito paralisante – equipamentos de tecnologia de última
geração – e pretendem capturar o principal suspeito de matar bezerros, dizimar
criações e atacar pessoas que se banhavam no ribeirão, apontado inclusive em
ocorrência policial. Por enquanto, os associados se reúnem secretamente, para
não chamar a atenção das assombrações de plantão, mas prometem a emboscada para
julho, quando as águas baixarem.
Como boa
mineira, na dúvida se fato verídico, história de pescador, simplesmente
folclore ou falta do que fazer, não arrisco nem uma linha - ainda que de pescar
– naquelas águas, já me bastam as notícias que nos assombram nos jornais nossos
de cada dia.
Publicada no Jornal “O Pioneiro”
em 05/05/2013
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