As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 1 de dezembro de 2013

Pérolas

Imagem: Google/ Divulgação    
          
                 

Diferente das legítimas que são produzidas lentamente e se transformam em jóias de rara beleza, encontramos por todo lado pérolas que são verdadeiros atentados quando não o assassinato do português.

São sempre esperadas e objeto de muitas piadas as ditas “pérolas do ENEM”. Particularmente chego a duvidar que sejam todas oriundas do Exame Nacional do Ensino Médio, uma vez que somente a equipe que as analisa e corrige tem acesso às provas e além disso, infelizmente, os deslizes que revelam o pouco conhecimento e domínio da língua portuguesa não são privilégios dos estudantes.

Bastou um passeio de cinco minutos pelas redes sociais e e-mails recebidos para colher algumas destas pérolas em nada preciosas. Em uma dessas postagens em quadradinhos coloridos lia-se assim: “Há momentos em que as palavras perdem os sentidos”. Confesso que não sabia que as palavras pudessem ser acometidas por desmaios e quem quase perdeu os sentidos fui eu ao me deparar com uma expressão desta natureza.

Logo em seguida, como pérolas em um colar: “Um homem com ego inflamado”, capaz de fazer revirarem-se em seus túmulos os grandes teóricos das ciências humanas. E depois, um “alicerce na base”, como se fosse possível construí-lo no teto e na mesma frase - usufrutuaremos - uma flexão verbal inimaginável.

Pior foi encontrar em uma matéria sobre o leilão dos aeroportos a seguinte frase: “É uma questão de acreditarmos que o cidadão vai ter algo melhor quando embargar e desembargar nestes aeroportos”. Chego a ter desejo de embargar os títulos dos doutos senhores que assinam a coluna, que se dizem graduados em Direito e Economia, com pós-graduação em Finanças e chefes de redação em jornal de grande circulação no país.

Engrosso as fileiras dos que questionam os rumos da educação no Brasil e as causas e conseqüências do analfabetismo funcional, que em minha opinião se estende à incapacidade de criar textos, para além de interpretá-los.



Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 01/12/2013

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