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Divulgação
Diferente das legítimas que são
produzidas lentamente e se transformam em jóias de rara beleza, encontramos por
todo lado pérolas que são verdadeiros atentados quando não o assassinato do
português.
São sempre
esperadas e objeto de muitas piadas as ditas “pérolas do ENEM”. Particularmente
chego a duvidar que sejam todas oriundas do Exame Nacional do Ensino Médio, uma
vez que somente a equipe que as analisa e corrige tem acesso às provas e além
disso, infelizmente, os deslizes que revelam o pouco conhecimento e domínio da
língua portuguesa não são privilégios dos estudantes.
Bastou um
passeio de cinco minutos pelas redes sociais e e-mails recebidos para colher
algumas destas pérolas em nada preciosas. Em uma dessas postagens em
quadradinhos coloridos lia-se assim: “Há momentos em que as palavras perdem os
sentidos”. Confesso que não sabia que as palavras pudessem ser acometidas por
desmaios e quem quase perdeu os sentidos fui eu ao me deparar com uma expressão
desta natureza.
Logo em seguida,
como pérolas em um colar: “Um homem com ego inflamado”,
capaz de fazer revirarem-se em seus túmulos os grandes teóricos das ciências
humanas. E depois, um “alicerce na base”, como se fosse possível construí-lo no
teto e na mesma frase - usufrutuaremos - uma flexão verbal inimaginável.
Pior foi
encontrar em uma matéria sobre o leilão dos aeroportos a seguinte frase: “É uma
questão de acreditarmos que o cidadão vai ter algo melhor quando embargar e
desembargar nestes aeroportos”. Chego a ter desejo de embargar os títulos dos
doutos senhores que assinam a coluna, que se dizem graduados em Direito e
Economia, com pós-graduação em Finanças e chefes de redação em jornal de grande
circulação no país.
Engrosso as
fileiras dos que questionam os rumos da educação no Brasil e as causas e
conseqüências do analfabetismo funcional, que em minha opinião se estende à
incapacidade de criar textos, para além de interpretá-los.
Publicada no
Jornal “O Pioneiro” em 01/12/2013
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