Imagem: A Central do Brasil em três tempos, 1977 – Arquivos
“O Globo”
Passageiros sim,
todos nós, com bilhete só de ida, sem rascunho para se passar a limpo ou
reticências na lápide pelo que se deixou de viver. Até aí nada de novo, não há
notícias de estudos científicos abalizados que nos provem em contrário.
Então,
aventure-se! Levante-se da cadeira cômoda de seu cotidiano e mexa-se, enquanto
há esse tempo que não se sabe o quanto dura. Nada de esportes radicais, bungee
jumping ou salto livre de paraquedas. Também não se trata de um manual de
auto-ajuda, tranqüilize-se! É somente uma sugestão de como sair da rotina nas
situações miúdas mesmo, como fiz no último fim de semana.
Comecei
aceitando, sem titubear, um convite inusitado e absolutamente inesperado. No
dia e hora marcados embarquei em um voo de capital a capital, seguindo depois
de metrô e ônibus, até chegarmos à pequena cidade serrana e finalmente subirmos
estrada de terra acima até o sítio. Sim, um sítio lindo com a casa pendurada no
alto da montanha sem televisão, internet ou celular e com direito a fogão de
lenha, muitas vidraças e verde – muito verde- além da deliciosa companhia.
Ah, sim, as
aventuras! Elas e as inversões de papéis. Primeiro deixei-me adotar por um
cãozinho e uma gata manhosa, numa manifestação genuína e despretensiosa que me
fez esquecer o “politicamente correto” movimento de proteção aos animais. E
mais: ao invés de pescar, alimentei os peixes criados no açude e ousei ladeiras
abaixo de havaianas, o que me fez sentir como um bebê em seus primeiros passos
trôpegos.
A volta foi o
epílogo desta proeza quase épica. Experimente enfrentar a Via Dutra de ônibus,
debaixo de um pé d’água no final do feriadão e depois da Rodoviária lotada,
encontrar o Aeroporto Santos Dumont fechado. Tudo isto sem o mínimo de stress! Ainda
ando meio bêbada de tanto verde e por enquanto nem a hora do rush me tira do
sério.
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 24/11/2013
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