As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 10 de novembro de 2013

Dito e feito

Imagem: Ouro Preto – Foto de Mônica Caetano Gonçalves


Ela era realmente especial, a começar pelo nome: Cerize, minha avó materna. Entre suas tantas histórias, boas de contar, gosto de me lembrar de sua fonte inesgotável de provérbios, ditos e termos populares sempre prontos a serem disparados no momento oportuno. E logo em seguida ria, ria muito, já que quem ri por último, ri melhor.

Certo é que quando pequena não entendia patavina e passava horas dando tratos à bola, tentando analisar o sentido daquelas metáforas todas. Crianças muitas vezes se apegam ao sentido literal da frase, chegando a imaginar os pobres macacos, quietinhos, um em cada galho. E eu não fugi à regra.

Demorei um pouco para entender quando me chamava de santinha do pau oco, quando aprontava das minhas, mas nem tanto quanto saber a origem do termo. Alguns anos mais tarde, morando em São João d’El Rei, pude ver os tais santos esburacados recheados pelos contrabandistas dos séculos XVIII e XIX com ouro em pó, moedas e pedras preciosas que enviavam para Portugal.

Os ditados populares permanecem iguais por anos a fio, mantendo tradições morais, filosóficas e religiosas. Muitos historiadores e escritores se dedicam a descobrir as origens dessa riqueza cultural, mas não é tarefa fácil. Deve ter havido uma viagem no tempo até que se concluísse que a expressão “farinha do mesmo saco” vem de uma frase em latim “Homines sunt ejusdem farinae” e do costume de se qualificar e separar as farinhas melhores das piores. Eu mesma cansei de tentar descobrir de que cor seria o burro fugido, até saber que originalmente seria “Corra do burro quando ele foge”, um bom conselho já que burro bravo é perigoso mesmo. A tradição oral modificou a frase e no fim das contas o que era verbo virou cor.


Dito e feito. Dos tantos que aprendi com Vó Cerize, restou o hábito de lembrá-los a cada vez que o momento se ofereça.

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