As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 3 de novembro de 2013

Tarrafeando

Imagem: Revista Brasileira de Geografia – IBGE 8ª edição. RJ, 1966. Mutirão


Há que se esperar um bom tempo, apesar do muito que já se tem a dizer e estudar, antes que se possa concluir sobre as conseqüências da virtualidade nos relacionamentos e comportamentos sociais. Muitos ainda resistem aos meios tecnológicos, enquanto outros tantos já se tornaram dependentes das telinhas para se comunicar com o outro, com o mundo.

Zygmunt Bauman, um dos pensadores que mais têm produzido obras que refletem os tempos contemporâneos, considera que os contatos online têm a vantagem de poder ser desligados sem maiores explicações quando se tornam desconfortáveis; mas perde-se na habilidade de estabelecer relações de confiança.

Arrisco-me atrevidamente a acrescentar que seja qual for a opção individual quanto às infinitas formas de se relacionar, sempre haverá perdas e ganhos e a cada um cabe avaliar o quanto lhe custa o benefício. Além disso, os relacionamentos virtuais não precisam excluir os reais e calorosos, podem bem ser complementares.

De fato, temos nas redes sociais a oportunidade de encontrar pessoas com as quais provavelmente jamais conviveríamos, muitas delas distantes e até as que passam por nós na calçada ou embarcam no mesmo ônibus sem sequer serem notadas. E é possível fazer como alguns, eu inclusive: vamos navegando e tarrafeando avatares, descobrindo afinidades nas gentes que podem se tornar boas companhias, amigos de verdade. Falo dos bons encontros que vejo acontecendo e também acontecem comigo.

Muito se fala dos riscos de se cair em mãos de falsários ou coisa pior, mas esses estão em toda parte em nosso mundo real e se valem de todos os meios que têm ao alcance, inclusive invadir sua casa pulando a janela.

Se não for um hábito extremo, que afaste o indivíduo do convívio real - usado como defesa, medo ou insegurança – não vejo motivo para discriminar os instrumentos que a tecnologia nos oferece, afinal podemos nos conhecer inesperadamente e de formas inusitadas em qualquer lugar do planeta.




Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 03/11/2013

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