Imagem: Fotografia de Eduardo Gonçalves e Veiga
Como mineira,
nasci atrelada ao trem da História e como nossa gente, gosto de sabê-la e
contar “causos”. Em um desses dias de estrela, de boa sorte no garimpo,
encontrei a gravação de um show no Teatro Castro Alves, no ano de 1975 em
Salvador, em que o próprio Vinícius de Moraes, acompanhado por Toquinho ao
violão conta sobre a segunda versão da letra de Gente Humilde – música de
Garoto – escrita em parceria com Chico Buarque. Uma delícia de ouvir!
Foi interessante
saber que se tratava da segunda versão, nunca havia ouvido falar da primeira e
assim saí a pesquisar sobre ela. Foi na série “O cancioneiro de Garoto”, de
Jorge Mello, que encontrei o fio da meada.
Segundo
registros nos próprios diários de Garoto, a inspiração de “Gente humilde” veio
de suas costumeiras visitas aos subúrbios cariocas. Em um depoimento, Badeco – ex-integrante
do conjunto vocal “Os Cariocas”– afirma que inicialmente era um tema
instrumental até que Moacir Portes apresentou-a a uns amigos mineiros e ao
voltar ao Rio de Janeiro trouxe a letra, que foi interpretada pela primeira vez
em 1951, pelo coral “Os Cantores do Céu”, integrado por Belinha Silva, Zezé
Gonzaga, Os Cariocas, Trigêmeos Vocalistas e o coro da Rádio Nacional, além de
Lolita e Magda Marialva, do Trio Madrigal:
Em um subúrbio
afastado da cidade/ Vive João e a mulher com quem casou/ Em um casebre onde a
felicidade/ Bateu à porta foi entrando e lá ficou/ E à noitinha alguém que
passa pela estrada/ Ouve ao longe o gemer de um violão/ Que acompanha/ A voz da
Rita numa canção dolente/ É a voz da gente humilde/ Que é feliz.
Reza a lenda que
sobre a autoria da letra, Moacir disse: “É um mineiro amigo meu, um bicho do
mato. Não adianta que ele não quer aparecer. Ele pediu que caso você gostasse
da letra, fosse colocado assim: autor desconhecido.”
Publicada no
Jornal “O Pioneiro” em 08/12/2013
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