Imagem: Desenho em preto e branco – Diego Dias
Em uma tarde
qualquer, uma amiga em sua mesa de trabalho foi surpreendida com o olhar
perdido e a caneta pousada sobre um pedaço de papel. Percebendo os olhares
curiosos quanto ao seu aparente e incomum alheamento, já que extremamente
ativa, a jovem disse entre risos:
- Sei que
preciso anotar algo muito importante que não posso me esquecer de fazer, mas
não consigo me lembrar o que é.
- Pior sou eu, –
respondeu a outra – escrevo lembretes e os guardo tão bem guardados, que os
escondo de mim e nunca consigo achá-los.
Entrando no
assunto, disse às duas que o meu salvador é o inseparável caderninho de notas,
hábito de quem vem das gerações anteriores aos e-mails, celulares e toda a
espécie de tecnologia que podemos utilizar como memórias auxiliares ou HD’s
externos.
Desse ponto em
diante passamos a conversar sobre as vantagens e desvantagens que vemos no uso
excessivo desses recursos atualmente. A primeira observação veio de quem ainda
não tinha entrado na história e que ponderou sobre o isolamento social que se
observa em todo lugar, quando pessoas lado a lado não interagem entre si e se
mantém ligadas exclusivamente às suas extensões eletrônicas.
Já aquela que
esquece os próprios recados considerou que estamos ficando, especialmente os
mais jovens, cada vez mais comodistas e preguiçosos, sem termos mais tanta
necessidade de pensar, já que tudo que precisamos saber pode ser encontrado em
segundos através de um clique. É evidente que há ressalvas quanto à qualidade
das informações encontradas na rede, mas...
Fiquei eu a
questionar se os idosos do futuro terão alguma lembrança ou memória já que
praticamente tudo pode ser arquivado em arquivos virtuais de algum tipo. Disse
quase tudo, porque para o que sentimos e vivemos, ainda não inventaram nada que
resgate a intensidade dos momentos. No mais, que nos livrem os anos das
artroses que nos impeçam de teclar.
Publicada no
Jornal “O Pioneiro” em 22/12/2013
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