Imagem: Anjos ou demônio 4 – Titina Corso
São comuns as
charges e até desenhos animados em que aparecem um anjinho e um capetinha
segredando nos ouvidos de um pobre coitado, além das tão populares figuras de
linguagem como tico e teco, nossos neurônios em constante conflito de opiniões.
Tais imagens refletem a dualidade humana, os opostos em que sempre transitam
nossos pensamentos e consciência, uma espécie de diálogo íntimo e absolutamente
individual. Poderíamos enumerar aos milhares as antíteses e paradoxos com que
nos confrontamos todo o tempo, nem sempre conseguindo agir como mediadores
nesse embate pessoal.
A nós não basta ser
ou não ser, há que se responder à questão, cartesianamente duvidando, pensando,
até se definirem as opções de como ser e onde se situar em relação ao universo
imediato e mediato também. Nesta trilha, passamos por culpas e medos impostos
de fora para dentro por conceitos éticos preestabelecidos, pelo que muitos
ainda definem como moral e bons costumes e às leis, naturalmente. Nem sempre
nos lembramos que quem realmente guia e estabelece nossa forma de agir e reagir
no mundo, mora dentro de nós, aquele chamado de superego e que pode ser nosso
maior algoz.
Então, apesar de nos
sentirmos lesados, roubados e muitas vezes violentados, quase sempre nos
conformamos com a nossa consciência tranquila, que nos deixa em paz com o
travesseiro e nos premia com o sono dos justos. E nos iludimos que esse outro
que prejudica - a um, muitos ou à maioria – será condenado a pesadelos
terríveis e madrugadas insones.
É aí que nos
enganamos redondamente ou cometemos um ledo engano, expressões que a propósito
acho divertidíssimas.
O código de honra do
outro, e muitos não o possuem, foi definido de outra forma a partir de sua
história de vida, assim como o nosso. Daí, infelizmente, há muitos que dormem
melhor do que nós, os bonzinhos, confortavelmente justificando seus meios,
pelos fins que consideram seus por direito.
Publicada na Revista
CAPITA News em 11/10/2013
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