As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Anjos e demônios



Imagem: Anjos ou demônio 4 – Titina Corso

               
São comuns as charges e até desenhos animados em que aparecem um anjinho e um capetinha segredando nos ouvidos de um pobre coitado, além das tão populares figuras de linguagem como tico e teco, nossos neurônios em constante conflito de opiniões. Tais imagens refletem a dualidade humana, os opostos em que sempre transitam nossos pensamentos e consciência, uma espécie de diálogo íntimo e absolutamente individual. Poderíamos enumerar aos milhares as antíteses e paradoxos com que nos confrontamos todo o tempo, nem sempre conseguindo agir como mediadores nesse embate pessoal.

A nós não basta ser ou não ser, há que se responder à questão, cartesianamente duvidando, pensando, até se definirem as opções de como ser e onde se situar em relação ao universo imediato e mediato também. Nesta trilha, passamos por culpas e medos impostos de fora para dentro por conceitos éticos preestabelecidos, pelo que muitos ainda definem como moral e bons costumes e às leis, naturalmente. Nem sempre nos lembramos que quem realmente guia e estabelece nossa forma de agir e reagir no mundo, mora dentro de nós, aquele chamado de superego e que pode ser nosso maior algoz.

Então, apesar de nos sentirmos lesados, roubados e muitas vezes violentados, quase sempre nos conformamos com a nossa consciência tranquila, que nos deixa em paz com o travesseiro e nos premia com o sono dos justos. E nos iludimos que esse outro que prejudica - a um, muitos ou à maioria – será condenado a pesadelos terríveis e madrugadas insones.

É aí que nos enganamos redondamente ou cometemos um ledo engano, expressões que a propósito acho divertidíssimas.

O código de honra do outro, e muitos não o possuem, foi definido de outra forma a partir de sua história de vida, assim como o nosso. Daí, infelizmente, há muitos que dormem melhor do que nós, os bonzinhos, confortavelmente justificando seus meios, pelos fins que consideram seus por direito.



Publicada na Revista CAPITA News em 11/10/2013

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