As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 18 de agosto de 2013

Elementar, meu caro Watson!

Imagem: Fonte Google/ Divulgação

Há quem se sinta protegido e seguro nesta individualização e nos relacionamentos mais superficiais que vem caracterizando este nosso tempo, acreditando mostrar-se só um pouquinho e quando muito só o melhor ângulo de seu perfil. Em uma manhã qualquer vai acordar com a sensação de estar sendo vigiado por olhares algumas vezes mais do que curiosos ou por passos que o seguem silenciosos esgueirando-se nas sombras.

Não falo de paranoia, o que pode até acontecer em casos mais graves, mas sim da era pós internet em que a grande maioria julga navegar, sem se perceber preso às redes sociais e especialmente a imensa exposição de nossa pretensa privacidade.

Hoje nosso Holmes provavelmente estaria na fila dos desempregados, como um anonimous qualquer, já que até Watson dominaria a técnica elementar de um simples clique depois de um nome ou pergunta simples em um site de pesquisas qualquer. Bond, coitado, mesmo com todo aquele charme britânico, quando muito seria um pesquisador sênior da WikiLeaks, se não exilado na Rússia.

Os melhores detetives e agentes secretos foram substituídos por stalkers, pessoas comuns que espionam a vida de qualquer um, ainda que um vil mortal, por todos os motivos imagináveis, desde a mais simples curiosidade que toda a tecnologia favorece até a perseguição obcecada de celebridades, sem contar a espionagem de fato, seja a empresarial ou a que busca por segredos de estado.

A partir do assassinato do olho mágico pelas câmeras de circuitos internos, do surgimento dos celulares que sempre acreditei serem coleiras eletrônicas e do amplo acesso às redes sociais, todo mundo vê e sabe de todo mundo. Segredos só mesmo entre quatro paredes e ditos ao pé do ouvido, se não houver nenhum equipamento ligado via bluetooth.

Stalker bom em minha opinião é o filme de Andrei Tarkovsky, com suas típicas tomadas lentas e longas, intensamente elaboradas, intercaladas com diálogos filosóficos e até mesmo poesias.



Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 18/08/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário