Imagem: Fonte Google/ Divulgação
Há
quem se sinta protegido e seguro nesta individualização e nos relacionamentos
mais superficiais que vem caracterizando este nosso tempo, acreditando
mostrar-se só um pouquinho e quando muito só o melhor ângulo de seu perfil. Em
uma manhã qualquer vai acordar com a sensação de estar sendo vigiado por
olhares algumas vezes mais do que curiosos ou por passos que o seguem
silenciosos esgueirando-se nas sombras.
Não
falo de paranoia, o que pode até acontecer em casos mais graves, mas sim
da era pós internet em que a grande maioria julga navegar, sem se perceber
preso às redes sociais e especialmente a imensa exposição de nossa pretensa
privacidade.
Hoje
nosso Holmes provavelmente estaria na fila dos desempregados, como um anonimous
qualquer, já que até Watson dominaria a técnica elementar de um simples clique
depois de um nome ou pergunta simples em um site de pesquisas qualquer. Bond,
coitado, mesmo com todo aquele charme britânico, quando muito seria um
pesquisador sênior da WikiLeaks, se não exilado na Rússia.
Os
melhores detetives e agentes secretos foram substituídos por stalkers, pessoas
comuns que espionam a vida de qualquer um, ainda que um vil mortal, por todos
os motivos imagináveis, desde a mais simples curiosidade que toda a tecnologia
favorece até a perseguição obcecada de celebridades, sem contar a espionagem de
fato, seja a empresarial ou a que busca por segredos de estado.
A
partir do assassinato do olho mágico pelas câmeras de circuitos internos, do
surgimento dos celulares que sempre acreditei serem coleiras eletrônicas e do
amplo acesso às redes sociais, todo mundo vê e sabe de todo mundo. Segredos só
mesmo entre quatro paredes e ditos ao pé do ouvido, se não houver nenhum equipamento
ligado via bluetooth.
Stalker
bom em minha opinião é o filme de Andrei Tarkovsky, com suas típicas tomadas
lentas e longas, intensamente elaboradas, intercaladas com diálogos filosóficos
e até mesmo poesias.
Publicada
no Jornal “O Pioneiro” em 18/08/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário