Imagem: Crianças brincando –
Grafite – Cândido Portinari.
Um
dia eles chegam e se aninham na gente e como tudo que é vida - se não ceifarem
suas raízes - , germinam, brotam e nascem. Tudo que necessitam é acolhimento,
nesse tempo em que o universo é peito de mãe. Logo, ensaios de passos, danças,
correrias e voos imaginários, em um mundo de castelos e reis, mocinhos e
bandidos, pura fantasia. Brincam brincadeiras que brincamos e desenham caminhos
que percorremos.
O
perceber sua fragilidade ingênua e amorosa, desperta em nós a criança que fomos
e é esta que sonha com melhores condições de vida e se responsabiliza em
conduzir os pequenos, enxugando-lhes as lágrimas e curando-lhes as dores do
crescimento.
Assim,
certamente descreveriam muitos pais, mães e avós, no seio de famílias
estruturadas sócio, econômica e financeiramente. Mas há que se pensar nas
abandonadas, sem berço; nas maltratadas; nas que são exploradas como
mão-de-obra na infância: uma de nossas questões sociais sem solução adequada,
em que pesem as tentativas de grupos e organizações de boa-fé e dos que atuam
na área de assistência à infância e adolescência nas esferas de governo.
Então,
me vem a discussão sobre a maioridade penal no Brasil. Como se possível, por
lei ou decreto, um adolescente imaturo física e emocionalmente se tornar adulto
da noite para o dia. Entre as várias críticas cabíveis, o caráter meramente punitivo
da proposta, que desconhece os direitos e, que se aprovada, atingirá
especialmente os já dolorosamente punidos por tantas carências, em sua tão
curta trajetória de vida. Não se considera ainda, que a maioridade é um rito de
passagem em nossa cultura, que além das responsabilidades, vem carregada de
simbolismos sob o ponto de vista psicológico e social.
Quem
dera todos, mesmo os inesperados, fossem amados e assistidos no espetáculo
único do desenvolvimento humano e tivessem, olhos e mãos de vida inteira, que
os conduzissem, antes e desde o primeiro voo, sempre.
Publicada no Jornal “O Pioneiro”
em 21/04/2013
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