As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

sábado, 6 de abril de 2013

Paixão antiga



Imagem: Foto de acervo histórico da Biblioteca Nacional.


Tudo bem! Não me enquadro nas médias estatísticas brasileiras, aliás, nem gosto de padrões. Falo aqui de uma paixão antiga, que jamais abandonei: os livros. Sempre fui e ainda sou uma amante fiel deles. Em minha adolescência e juventude, costumava passar tardes inteiras mergulhada em leituras. Fosse hoje, muitos me considerariam uma nerd.

Sempre tratei os livros com deferência, pela infinidade de universos que me permitiram conhecer e por isso o dedicado cuidado em seu manuseio e conservação. Cheguei a reparar da melhor maneira possível, muitos dos que tomava por empréstimo, inclusive refazendo costuras manualmente.

Chega a doer quando leio as notícias sobre nossa Biblioteca Nacional, considerada a oitava maior do mundo, o que sem dúvida é uma façanha para um país em desenvolvimento. Mais do que livros - raros em sua maioria -, jornais, revistas, filmes e documentários, a Biblioteca guarda uma parte de nossa História, que poucos conhecem.

Durante um violento terremoto na Lisboa de 1755, muitos prédios foram incendiados, entre eles o da Real Livraria, considerada à época uma das mais importantes bibliotecas da Europa. Inconformados com a perda irrecuperável, Dom José I e o Marquês de Pombal, seu ministro, organizaram uma nova biblioteca que em 1807, já contava com sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, incunábulos, gravuras, mapas, moedas e medalhas; patrimônio trazido para o Brasil, após a vinda da família real portuguesa. Oficialmente estabelecida, continuou a ser ampliada, através de doações, compras e de "propinas", ou seja, pela entrega obrigatória de um exemplar de todo material impresso nas oficinas tipográficas de Portugal e na Impressão Régia, no Rio de Janeiro. Pagamos por ela oitocentos contos de réis, parte da indenização à coroa portuguesa, pelos bens deixados no Brasil após a Independência.

É lamentável ver a degradação de todo esse patrimônio, no ano em que o Brasil será homenageado na maior e mais moderna feira de livros do mundo, em Frankfurt.


Publicada na Revista CAPITA Global News em 04/04/2013

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