Imagem: Foto de acervo histórico da
Biblioteca Nacional.
Tudo
bem! Não me enquadro nas médias estatísticas brasileiras, aliás, nem gosto de
padrões. Falo aqui de uma paixão antiga, que jamais abandonei: os livros.
Sempre fui e ainda sou uma amante fiel deles. Em minha adolescência e
juventude, costumava passar tardes inteiras mergulhada em leituras. Fosse hoje,
muitos me considerariam uma nerd.
Sempre
tratei os livros com deferência, pela infinidade de universos que me permitiram
conhecer e por isso o dedicado cuidado em seu manuseio e conservação. Cheguei a
reparar da melhor maneira possível, muitos dos que tomava por empréstimo,
inclusive refazendo costuras manualmente.
Chega
a doer quando leio as notícias sobre nossa Biblioteca Nacional, considerada a
oitava maior do mundo, o que sem dúvida é uma façanha para um país em
desenvolvimento. Mais do que livros - raros em sua maioria -, jornais,
revistas, filmes e documentários, a Biblioteca guarda uma parte de nossa
História, que poucos conhecem.
Durante
um violento terremoto na Lisboa de 1755, muitos prédios foram incendiados,
entre eles o da Real Livraria, considerada à época uma das mais importantes
bibliotecas da Europa. Inconformados com a perda irrecuperável, Dom José I e o
Marquês de Pombal, seu ministro, organizaram uma nova biblioteca que em 1807,
já contava com sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, incunábulos,
gravuras, mapas, moedas e medalhas; patrimônio trazido para o Brasil, após a
vinda da família real portuguesa. Oficialmente estabelecida, continuou a ser
ampliada, através de doações, compras e de "propinas", ou seja, pela
entrega obrigatória de um exemplar de todo material impresso nas oficinas
tipográficas de Portugal e na Impressão Régia, no Rio de Janeiro. Pagamos por
ela oitocentos contos de réis, parte da indenização à coroa portuguesa, pelos
bens deixados no Brasil após a Independência.
É lamentável ver a degradação de
todo esse patrimônio, no ano em que o Brasil será homenageado na maior e mais
moderna feira de livros do mundo, em Frankfurt.
Publicada na Revista CAPITA Global News em 04/04/2013
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