Imagem: Litografia de Le Charivari –
1838
Por
esses dias, chegou-me às mãos uma versão editada de um ensaio que Paulo Rónai
escreveu para um ciclo de conferências no Teatro Municipal do Rio - “Balzac
teatrólogo” - descoberto, obviamente inédito, nos arquivos do autor pela
pesquisadora Zsuzsanna Spiry. Húngaro por nascimento e fugido da Segunda Guerra
Mundial, Rónai radicou-se no Brasil, e especialmente em nosso meio literário,
tornando-se amigo de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Cecília Meireles,
Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa entre outros tantos. Dedicou-se
durante dez anos a prefaciar e coordenar a tradução de “Comédia Humana” de
Honoré de Balzac, revisando seus oitenta e nove romances em dezessete volumes,
além de debruçar-se junto com Aurélio Buarque sobre “Mar de histórias: antologia
do conto mundial”, projeto que durou quarenta e quatro anos.
Apresentado
o autor, vamos ao ensaio e ao autor apresentado. Fala-nos das poucas e
frustradas e poucas investidas de Balzac como dramaturgo, um fracasso tão
grande que quase ninguém conhece suas peças, raramente representadas, mesmo na
França. Há uma flagrante e surpreendente inferioridade das peças, se comparadas
à sua monumental obra de ficção e que se deve, segundo Rónai, à visão deturpada
do autor, que considerava o teatro à parte da literatura, como um
empreendimento comercial muito lucrativo.
Entretanto,
chamou-me bem mais a atenção, o homem por trás do literato. Aluno obscuro,
abandonou a função de escrevente de cartório e enveredou em sua saga literária.
Depois de “Cromwell”, seu primeiro fiasco, escreveu romances de cordel, usando
pseudônimos e fracassou como editor, até que “Os chouans ou A Bretanha em 1799”, trouxe-lhe a
notoriedade almejada.
Ambicioso, lançava-se em empreendimentos mirabolantes, fadados ao insucesso, buscando satisfazer sua sede de luxo. Ostentava carruagem e criado nobre em residências requintadamente mobiliadas, afundando-se cada vez mais em dívidas. Com a vida desregrada que levou, bem poderia ser, ele próprio, um entre seus três mil intricados personagens, partícipe de sua própria “Comédia Humana”.
Ambicioso, lançava-se em empreendimentos mirabolantes, fadados ao insucesso, buscando satisfazer sua sede de luxo. Ostentava carruagem e criado nobre em residências requintadamente mobiliadas, afundando-se cada vez mais em dívidas. Com a vida desregrada que levou, bem poderia ser, ele próprio, um entre seus três mil intricados personagens, partícipe de sua própria “Comédia Humana”.
Publicada
na Revista CAPITA Global News em 25/04/2013.
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