As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 14 de abril de 2013

No meio do caminho



Imagem: Esculturas de Páscoa – Thiago Graça Couto

               
“No meio do caminho tinha uma pedra 
     tinha uma pedra no meio do caminho”...
         Ao nosso sábio poeta Drummond, acrescentaria que sempre há; desde pedregulhos que ferem incautos pés descalços, a penhascos que inspiram escaladas verticais; assim como infindas as reações humanas aos obstáculos e limitações impostas pela vida. Entre os extremos, há os que igualmente se petrificam e inertes deixam-se levar pela situação e os que apesar de muralhas aparentemente intransponíveis constroem nelas túneis ou belas esculturas.
Todos nós temos conhecimento de exemplos anônimos de superação a citar, sejam por limitações físicas, emocionais ou de condição social. A idéia de abordar o tema me veio, depois da notícia sobre o jovem estudante de Goiânia, que passou no vestibular para o curso de Geografia, concorrendo em iguais condições com os demais candidatos, apesar de portador da síndrome de Down. São histórias como essa que me emocionam e me fazem ainda acreditar no ser humano. 
Por essas terras, todos os dias, há um sem número de pessoas que fazem o milagre do pão e são, elas próprias, um milagre! Quem, como eu, teve a oportunidade de trabalhar assistindo famílias, especialmente crianças e adolescentes, em condições sub-humanas de vida, pode melhor entender as diferenças entre crises existenciais e existências críticas. Os que vivem nessas condições lutam e sofrem para suprirem as necessidades mais básicas e fisiológicas, digladiando-se na pirâmide de Maslow por sua sobrevivência e talvez até sonhem em um dia poder lutar por realização, segurança emocional, amor a si próprio e aos outros. Acolhê-los como iguais – lenitivo para suas dores -, apesar da monumental desigualdade em nossa estrutura social, trouxe-me outra dimensão da vida, muito além das estatísticas e teorias. Hoje acredito que para muitos existam poucas pedras intransponíveis na trilha entre a inércia e a lápide.
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
            na vida de minhas retinas tão fatigadas”...
São as pedras que ensinam o caminho.

Publicada na Revista CAPITA Global News em 14/04/2013

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