Imagem: Esculturas de Páscoa – Thiago
Graça Couto
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho”...
tinha uma pedra no meio do caminho”...
Ao nosso sábio poeta Drummond,
acrescentaria que sempre há; desde pedregulhos que ferem incautos pés
descalços, a penhascos que inspiram escaladas verticais; assim como infindas as
reações humanas aos obstáculos e limitações impostas pela vida. Entre os
extremos, há os que igualmente se petrificam e inertes deixam-se levar pela
situação e os que apesar de muralhas aparentemente intransponíveis constroem
nelas túneis ou belas esculturas.
Todos nós temos conhecimento de
exemplos anônimos de superação a citar, sejam por limitações físicas,
emocionais ou de condição social. A idéia de abordar o tema me veio, depois da
notícia sobre o jovem estudante de Goiânia, que passou no vestibular para o
curso de Geografia, concorrendo em iguais condições com os demais candidatos,
apesar de portador da síndrome de Down. São histórias como essa que me
emocionam e me fazem ainda acreditar no ser humano.
Por essas terras, todos os dias, há um sem
número de pessoas que fazem o milagre do pão e são, elas próprias, um milagre!
Quem, como eu, teve a oportunidade de trabalhar assistindo famílias,
especialmente crianças e adolescentes, em condições sub-humanas de vida, pode
melhor entender as diferenças entre crises existenciais e existências críticas.
Os que vivem nessas condições lutam e sofrem para suprirem as necessidades mais
básicas e fisiológicas, digladiando-se na pirâmide de Maslow por sua
sobrevivência e talvez até sonhem em um dia poder lutar por realização,
segurança emocional, amor a si próprio e aos outros. Acolhê-los como iguais –
lenitivo para suas dores -, apesar da monumental desigualdade em nossa
estrutura social, trouxe-me outra dimensão da vida, muito além das estatísticas
e teorias. Hoje acredito que para muitos existam poucas pedras intransponíveis
na trilha entre a inércia e a lápide.
“Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas”...
na vida de minhas retinas tão fatigadas”...
São as pedras que
ensinam o caminho.
Publicada na Revista CAPITA Global News em 14/04/2013
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