As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quinta-feira, 21 de março de 2013

O velho Braga




Imagens: Fonte Google



Num instante, criança, pés molhados no “córrego perdido entre margens fofas de capim crescido”; subindo em árvores e admirando minúcias de borboletas. Ouço histórias de “Seu” Roque, o carpinteiro, em sua fazenda personagem; Pai em minha vida. Sinto a vaidade infantil do menino, com o pequeno pássaro verde - o tuim -, pousado em sua mão suja de terra e peraltices. 

Um mundo imaginário e em parte real, nas lembranças que me vem através Rubem Braga, quando distraída folheio Retratos Parisienses, a mais recente publicação de suas crônicas, e me recordo de outras tantas, lidas e relidas. Em especial, Ai de ti, Copacabana, que repousa honorário na pequena estante em meu quarto, bem ao alcance das mãos.

Absorta pela pintura de seus retratos, ganho as ruas de Paris, ouvindo elogios de Juliette Gréco a Sartre, críticas picantes de Marie Laurencin a Cocteau, enquanto Jacques Prévert manda lembranças a Chagall. São assim, as viagens com esse capixaba cosmopolita! 

Como bem disse Clarice Lispector: "Há mil Rubens dentro de Rubem Braga" e com esses milhares de formas em cenas quotidianas vistas do alto das árvores, em meio à guerra, da cobertura do Leblon ou em qualquer esquina do mundo, Rubem Braga vem atravessando gerações. Entre os maiores escritores nacionais -o inventor da crônica moderna brasileira e para quem a discussão quanto ao gênero literário não se aplica – é o único que jamais escreveu um livro de ficção ou romance. 

Acredito que nem tantos saibam sobre o homem que traduziu Terra dos Homens de Saint-Exupéry, sua rebeldia e opções políticas, do embaixador do Brasil em Marrocos, com seu jeito turrão e contido, apesar da excepcional veia de humor e artérias poéticas; bem resumido por Sérgio Buarque de Holanda: “Não é de estranhar, assim, que Rubem Braga, numa prosa feita de simplicidade de cordura, de contrita devoção diante da maravilha cotidiana, nos venha oferecendo paginas de generosa poesia”.

Publicada na Revista CAPITA Global News em 21/03/2013

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