As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

quinta-feira, 14 de março de 2013

Flash



Imagem: Sebastião Salgado - Mulheres da tribo Zo'e, na Amazônia brasileira


O primeiro contato foi com os álbuns de família, que traziam além das belas fotos, muitas histórias contadas e dedicatórias escritas no verso. Havia um segredo guardado sob o pano preto do lambe-lambe que ainda pairava ao lado da fonte luminosa, na praça da cidade de interior em minha infância, perfumada de pipocas e colorida de balões e algodão doce. À curiosidade infantil quanto àqueles equipamentos que guardavam sorrisos e momentos a serem gravados em papel, seguiu-se o gosto pela fotografia, sempre impregnado de impressões, emoções e memórias. Mais tarde, guiada por elas, o interesse pelo olhar sensível, dos que escolhiam ângulos e luminosidade perfeitos, eternizando instantes únicos.
Depois de um pouco de história, entre os grandes nomes, encontrei Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, que cedo ganhou o mundo com seus olhos azuis e apurados. O doutor em Economia pela Universidade de Paris passou a dedicar-se à fotografia em 1973, explorando através dela, temas clássicos,     como a desigualdade, exclusão social e globalização, gerando debates ao redor dessas questões, prescindindo das palavras.
Com as imagens em preto e branco capturadas inicialmente por sua Leica, desnuda o contraste entre a crueza da cena real e os sentimentos que despertam. Segundo o jornalista Jânio de Freitas, sua obra não é apenas uma exposição racional dos problemas econômico-sociais do mundo: “Diante da fotografia característica de Sebastião Salgado vêm-nos, em uma rajada única, a ternura e a dor, a culpa e o prazer estético. Inseparáveis e indistinguíveis, consistentes e indisfarçáveis, todos os ricos sentimentos que a pobreza emocional dos dias de hoje não foi ainda capaz de consumir e devorar.”
Fortemente influenciado pela técnica do ”momento decisivo”, empregada por Henri Cartier Bresson, transmite em um “shot” todo o drama e impacto da situação. Apesar de críticas isoladas, é impossível descartar as qualidades artísticas em suas fotografias, mas seu maior mérito é fazer ver, o que tantos insistem em não enxergar.

Publicada na Revista CAPITA Global News em 14/03/2013

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