As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 24 de março de 2013

Alegria,alegria!

 



Imagens: Charge de Belmonte publicada em 25 de maio de 1946

Menina ainda, pude acompanhar em grande parte a Era dos Festivais, das primeiras transmissões ao vivo da televisão brasileira, promovidas pela TV Record. Havia um ritual que antecedia o evento, um preparar-se para a festa buscando as letras das músicas participantes em jornais e revistas. Naquelas noites especiais, me era permitido ficar acordada até tarde, assistindo a cada minuto, com meus pais. Escolhíamos juntos nossas favoritas e ficávamos aguardando ansiosos a decisão dos jurados. Depois dos resultados, nascia a expectativa de se ter em mãos o Long Play, com as melodias classificadas. Foram bons momentos naqueles tempos difíceis, ainda insuspeitos para mim.

A  voz de Blota Júnior, muitas das músicas que marcaram época e a cena do sorridente Sérgio Ricardo, em 67, quebrando o violão e jogando-o à platéia, ficaram em minhas lembranças, reavivadas com a notícia do recente lançamento do livro “Uma noite em 67”, escrito por Renato Terra e Ricardo Calil, os mesmos que dirigiram o documentário homônimo de João Moreira Salles, que chegou às telas em 2010. 

O filme, com o objetivo de mostrar apenas os acontecimentos pitorescos que ocorriam nos bastidores, esclarece que os organizadores não faziam idéia da dimensão que aqueles programas de televisão alcançariam. As palavras de Solano Ribeiro: “Só depois é que aquilo ganhou importância histórica, política, sociológica, musical, transcendental”, nas quais Gil certamente acrescentaria um etcetera e tal, deixam claras as despretensiosas intenções da emissora de televisão, sem rédeas sobre as manifestações do público, que se tornou ator, e menos ainda sobre os rumos que a música brasileira tomaria a partir de então, como bem disse Nelson Motta: "É naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época", as belas melodias que foram cantadas em passeatas, embalando o desejo de mudança na estrutura política do Brasil. Caminhando e cantando...

Publicada no jornal “O Pioneiro” em 24/03/2013

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