Imagem: Alfred Eisenstaedt – O Beijo, 1945.
Tema raro em Filosofia, o amor é abordado por
Arthur Schopenhauer, fato à primeira inusitado, considerando-se seu pessimismo
quase anedótico e de ter sido um solitário. Apesar de inteligente, seguro, bonito
e rico, jamais fez sucesso no universo feminino.
Naturalmente perguntarão como um
"cara" que nunca "se deu bem" com as mulheres pode falar
sobre o amor. Ouso responder que, talvez por poder observar de fora, do alto e
também de pertinho, sem necessariamente estar vivendo a experiência, da mesma
forma como são feitas as análises de Galeano. Afinal a base do espírito
científico é a observação do "fenômeno" estudado.
É interessante notar que uma geração antes
de Darwin e cerca de 60 anos antes de Freud, ele foi o primeiro a apontar as razões
inconscientes e biológicas para o amor. O filósofo, pouco conhecido,
considerava que não havia nada mais importante na vida do que o amor, porque o
que está em jogo é a sobrevivência da espécie, apesar de condenar como nosso erro
fatal, vincular o amor à felicidade. Freud, com certeza, foi influenciado pelo
pensamento de Schopenhauer, transformando o seu impulso de vida em pulsão,
adicionando um ingrediente fundamental: a busca incondicional do prazer (que
também nada tem a ver com felicidade, esta utopia maluca que alguém inventou
pra nos infernizar).
Também nos aconselhava a engolirmos um
sapo todas as manhãs para garantir que não nos depararíamos com nada mais
repulsivo ao longo do dia. “Pode-se dizer que, se hoje ela está ruim, as coisas
só tendem a piorar, até que o pior de tudo aconteça”. Há algo semelhante com as
Leis de Murphy, mas advirto, por experimentação própria, que engolir sapos
todas as manhãs, causa gastrite e úlceras, já que está clinicamente provado que
o anfíbio não é plenamente "digerido" pela espécie humana, deixando
resíduos tóxicos armazenados no inconsciente. Resta inevitável o comentário, em
analogia aos contos de fadas: Pobres Princesas!
Publicada no Jornal "O Pioneiro" em 23/02/2014
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