As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Em pleno voo

Imagem: Google/divulgação


A viagem seria curta, mas as belas imagens da baía da Guanabara se distanciando no horizonte, levaram-me a um longo voo em flashes da memória. Lembrei-me do glamour que envolvia as viagens aéreas no fim dos anos 60. Homens engravatados e quando menos, em elegantes blazers. As mulheres a caráter em seus scarpins de salto sete, no mínimo, e os inconfundíveis óculos escuros à la Jackie Kennedy, já Onassis. O serviço de bordo era um luxo! Nas viagens mais longas, jantares refinados e nas mais curtas os lanches servidos eram dignos da confeitaria Colombo. Tudo muito chique e caro!

Interrompo-me. Antes, quando jovem estudante, achava meio século um tempo imenso, termo dos livros de História, muito mais longo do que os cinquenta anos que representam e que em tempo histórico é uma insignificância que passa num piscar de olhos, como nossas vidas.

Passado pouco mais de meio século, as viagens aéreas se popularizaram, os preços baixaram, tornando-as mais acessíveis, o que é ótimo, mas com isto foi-se também o charme da cena de despedida no aeroporto de Casablanca. Com ele, o que é bem pior, também perdemos a qualidade dos serviços que nos prestam.

Não fosse pela gentil beleza, pelos cardápios e opções para pagamento que oferecem, as aeromoças - digo, comissárias de bordo – pouco se diferenciariam dos ambulantes que vendem bugigangas alimentícias nos trens da Central do Brasil.

Além disto, os atrasos frequentes muitas vezes sem causas meteorológicas, inexplicáveis e inexplicados, indicam claramente a precariedade da infraestrutura aeroportuária no país. Nem é bom pensar na manutenção mecânica das aeronaves, senão ninguém se arrisca mais a voar. Tudo isto pertinho da Copa do Mundo com todas as reformas em andamento a passos de tartaruga.

O piloto ordena: Tripulação, preparar para a aterrissagem! Em terra de Minas em um dos meus costumeiros contrapontos, desembarco cantarolando o Samba do avião de Tom Jobim, já “morrendo de saudades”.



Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 16/02/2014

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