Imagem: Google/divulgação
A viagem seria curta, mas as belas imagens
da baía da Guanabara se distanciando no horizonte, levaram-me a um longo voo em
flashes da memória. Lembrei-me do glamour que envolvia as viagens aéreas no fim
dos anos 60. Homens engravatados e quando menos, em elegantes blazers. As
mulheres a caráter em seus scarpins de salto sete, no mínimo, e os
inconfundíveis óculos escuros à la Jackie Kennedy, já Onassis. O serviço de
bordo era um luxo! Nas viagens mais longas, jantares refinados e nas mais
curtas os lanches servidos eram dignos da confeitaria Colombo. Tudo muito
chique e caro!
Interrompo-me. Antes, quando jovem
estudante, achava meio século um tempo imenso, termo dos livros de História,
muito mais longo do que os cinquenta anos que representam e que em tempo
histórico é uma insignificância que passa num piscar de olhos, como nossas
vidas.
Passado pouco mais de meio século, as
viagens aéreas se popularizaram, os preços baixaram, tornando-as mais
acessíveis, o que é ótimo, mas com isto foi-se também o charme da cena de
despedida no aeroporto de Casablanca. Com ele, o que é bem pior, também
perdemos a qualidade dos serviços que nos prestam.
Não fosse pela gentil beleza, pelos
cardápios e opções para pagamento que oferecem, as aeromoças - digo,
comissárias de bordo – pouco se diferenciariam dos ambulantes que vendem
bugigangas alimentícias nos trens da Central do Brasil.
Além disto, os atrasos frequentes muitas
vezes sem causas meteorológicas, inexplicáveis e inexplicados, indicam
claramente a precariedade da infraestrutura aeroportuária no país. Nem é bom
pensar na manutenção mecânica das aeronaves, senão ninguém se arrisca mais a
voar. Tudo isto pertinho da Copa do Mundo com todas as reformas em andamento a
passos de tartaruga.
O piloto ordena: Tripulação, preparar para
a aterrissagem! Em terra de Minas em um dos meus costumeiros contrapontos,
desembarco cantarolando o Samba do avião de Tom Jobim, já “morrendo de
saudades”.
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em
16/02/2014
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