As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um certo olhar


Imagem: Zygmunt Bauman

                Noite dessas assisti a uma entrevista com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, laureado por sua prodigiosa produção intelectual e professor emérito das universidades de Leeds e Varsóvia. Do alto de seus 87 anos, falava sobre pós-modernidade, com imensa desenvoltura por todo seu cabedal de conhecimento, mas também por ter vivenciado todo esse movimento no século XX.
                Há certa polêmica quanto ao significado do termo pós-modernidade e sua pertinência, mas é certo que seu uso se tornou corrente, para definir a condição sociocultural e estética que prevalece no capitalismo contemporâneo e a consequente crise das ideologias.         
                Bauman parte do conceito de que essa fase histórica foi marcada pela passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo, chegando a analisar os processos de fragmentação da vida humana e a individualização em nossa sociedade, destacando a eterna busca de equilíbrio entre segurança e liberdade. Utiliza as redes sociais (que considero uma excepcional fonte de pesquisa para os estudiosos do comportamento humano) para exemplificar a banalização e superficialidade dos afetos do indivíduo contemporâneo. São, em sua opinião, uma expressão de liberdade nos relacionamentos interpessoais, (ilusórias, a bem da verdade), com a segurança, oferecida pelo distanciamento real, como uma forma de se evitar os possíveis desgastes, divergências de opinião e confrontos tão comuns entre pessoas que interagem no mundo real.
                Uma citação do sociólogo retrata bem a sua linha de raciocínio quanto às dicotomias do homem pós-moderno: O que aprendemos com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria sorte, sem ter com quem contar quando necessário, quem nos console e nos dê a mão, é terrível e assustadora, mas nunca se está mais só e abandonado do que quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se - quando - a roda da fortuna começar a girar em outra direção.


Publicada na revista CAPITA Global News em 29-01-2013


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