Imagem: Zygmunt Bauman
Noite
dessas assisti a uma entrevista com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, laureado
por sua prodigiosa produção intelectual e professor emérito das universidades de
Leeds e Varsóvia. Do alto de seus 87 anos, falava sobre pós-modernidade, com
imensa desenvoltura por todo seu cabedal de conhecimento, mas também por ter
vivenciado todo esse movimento no século XX.
Há certa polêmica quanto ao
significado do termo pós-modernidade e sua pertinência, mas é certo que seu uso
se tornou corrente, para definir a
condição sociocultural e estética que prevalece no capitalismo contemporâneo e
a consequente crise das ideologias.
Bauman parte do conceito de que
essa fase histórica foi marcada pela passagem da sociedade de produção para a
sociedade de consumo, chegando a analisar os processos de fragmentação da vida
humana e a individualização em nossa sociedade, destacando a eterna busca de
equilíbrio entre segurança e liberdade. Utiliza
as redes sociais (que considero uma excepcional fonte de pesquisa para os
estudiosos do comportamento humano) para exemplificar a banalização e
superficialidade dos afetos do indivíduo contemporâneo. São, em sua opinião,
uma expressão de liberdade nos relacionamentos interpessoais, (ilusórias, a bem
da verdade), com a segurança, oferecida pelo distanciamento real, como uma
forma de se evitar os possíveis desgastes, divergências de opinião e confrontos
tão comuns entre pessoas que interagem no mundo real.
Uma
citação do sociólogo retrata bem a sua linha de raciocínio quanto às dicotomias
do homem pós-moderno: O que aprendemos
com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria
sorte, sem ter com quem contar quando necessário, quem nos console e nos dê a
mão, é terrível e assustadora, mas nunca se está mais só e abandonado do que
quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem
se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se - quando - a roda da fortuna
começar a girar em outra direção.
Publicada
na revista CAPITA Global News em 29-01-2013
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