Imagem: Serro - MG
A
tradição cultural e tantas outras histórias do povo mineiro romperam suas
fronteiras e passaram a figurar como parte integrante do perfil, dos hábitos e
costumes do brasileiro, além de atrair os olhares dos povos de outras paragens
que nos visitam. Assim foi com nossa música que invadiu os palcos do mundo e
nossa gastronomia típica que ganhou as mesas em outros horizontes.
Um dos melhores exemplos dessa
abrangência gastronômica entre as iguarias brasileiras é o mineiríssimo queijo,
fabricado de maneira artesanal em pequenas fazendas do interior de Minas, como
os tradicionais da Serra da Canastra, do Serro e do Alto Paranaíba.
Entretanto, como muitos sabem,
após um decreto federal de 2000, estabelecendo normas sanitárias rígidas, esse
queijo delicioso produzido a partir de leite cru, foi praticamente sitiado em
seu estado natal não podendo mais ultrapassar as fronteiras de Minas.
Muito além do prejuízo
financeiro dos pequenos produtores, preocupa-me a possibilidade de perda dessa produção
artesanal, passada de geração a geração e que está bem retratada no
documentário “O Mineiro e o Queijo” de Helvécio Ratton. Uma tradição de mais de
300 anos, que no início era somente uma maneira inteligente de conservar o
leite, que assim “curado” alimentava as famílias e os tropeiros da região,
quando nem se sonhava com refrigeração.
Há uma magia e muitos segredos
nas receitas que as famílias guardam carinhosamente. Apesar de produzidos em
todo o país, com as tais normas sanitárias, um queijo da Canastra só é legítimo
se for produzido lá, como diz um dos fazendeiros: “Me perguntam o segredo. Eu
digo que só vindo para a Canastra, senão é impossível fazer um queijo como o
nosso”.
Em cada lugar há um queijo com
características próprias, influenciadas pelo clima e solo. Mas há diferenças
muito mais sutis, mesmo nos queijos da mesma região e até da mesma fazenda.
E que persistam em criar encantamentos para o
nosso paladar!
Publicada na Revista Capita Global News e no Jornal “O
Pioneiro” de 13- 01-2013.
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