As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 27 de janeiro de 2013

Chuva de verão


Imagem: Filme Chuvas de Verão - 1978 - Cacá Diegues

                Amanheci num dia desses de verão, em que a chuva não se cansa e mesmo quando cansa tem preguiça de parar. Seria muito bom poder gastar as horas numa rede em alguma varanda, na companhia de um bom livro; ouvindo boa música ou assistindo a um filme de arte. Mas o tempo e o trânsito seguem apressados.
                À revelia do rádio do carro, me pego cantarolando o refrão de uma música antiga, do final da década de 40 e que só se tornou um clássico com a versão gravada por Caetano Veloso, vinte anos depois. “Chuvas de verão”, de Fernando Lobo, reflete o clima de confissões amorosas que prolongavam ou encerravam romances iniciados nos ambientes das boites dos anos 40 e 50. O autor, além de pai de Edu Lobo, era pernambucano, um renomado cronista e jornalista. Radicado no Rio de Janeiro, atuou nas extintas revistas: "Carioca", "O Cruzeiro" e "A Cigarra".
                De um verão a outro, a memória me trouxe um drama dirigido por Cacá Diegues, um dos bons filmes do cinema nacional, que nos trouxe uma cena de amor belíssima e considerada revolucionária por mostrar o nu, o amor e o sexo na terceira idade. É de impressionar como desaprendemos como fazer cinema de lá pra cá, perdendo o olhar atento e individualizado sobre o povo e a vida cotidiana e transformando a maioria dos filmes atuais em um arremedo de hipocrisia coletiva, superficialidade sociológica e terror bélico.
                Fica a citação de D. Isaura, que nos torna imediatamente apaixonados pela trama do filme: "A vida não é como as águas do rio que passam sem descanso, nem como o sol que vai e volta sempre. A vida é uma chuva de verão, súbita e passageira, que se evapora ao cair”.
Enfim, foram apenas divagações da cronista, uma fuga ou associação de ideias em meio à chuva e o trânsito caótico da grande cidade.


Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 27- 01-2013

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