Imagem: Filme Chuvas de Verão - 1978 - Cacá Diegues
Amanheci num dia desses de
verão, em que a chuva não se cansa e mesmo quando cansa tem preguiça de parar.
Seria muito bom poder gastar as horas numa rede em alguma varanda, na companhia
de um bom livro; ouvindo boa música ou assistindo a um filme de arte. Mas o
tempo e o trânsito seguem apressados.
À revelia do rádio do carro, me
pego cantarolando o refrão de uma música antiga, do final da década de 40 e que
só se tornou um clássico com a versão
gravada por Caetano Veloso, vinte anos depois. “Chuvas de verão”,
de Fernando Lobo, reflete o clima de
confissões amorosas que prolongavam ou encerravam romances iniciados nos
ambientes das boites dos anos 40 e 50. O autor, além de pai de Edu Lobo, era
pernambucano, um renomado cronista e jornalista. Radicado no Rio de Janeiro,
atuou nas extintas revistas: "Carioca", "O Cruzeiro" e
"A Cigarra".
De um verão a outro, a
memória me trouxe um drama dirigido por Cacá Diegues, um dos bons filmes do
cinema nacional, que nos trouxe uma cena de amor belíssima e considerada
revolucionária por mostrar o nu, o amor e o sexo na terceira idade. É de impressionar como desaprendemos como fazer
cinema de lá pra cá, perdendo o olhar atento e individualizado sobre o povo e a
vida cotidiana e transformando a maioria dos filmes atuais em um arremedo de
hipocrisia coletiva, superficialidade sociológica e terror bélico.
Fica a citação de D. Isaura, que
nos torna imediatamente apaixonados pela trama do filme: "A vida não é
como as águas do rio que passam sem descanso, nem como o sol que vai e volta
sempre. A vida é uma chuva de verão, súbita e passageira, que se evapora ao
cair”.
Enfim, foram apenas divagações da
cronista, uma fuga ou associação de ideias em meio à chuva e o trânsito caótico
da grande cidade.
Publicada
no Jornal “O Pioneiro” em 27- 01-2013
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