Imagem: Praia de Itaoca – Fonte Google
Viajar é um grande prazer, afirmação que sempre me vem à mente associada
à música Encontros e Despedidas, de
Fernando Brandt e Milton Nascimento. É bem provável que todo esse anseio por voos,
em respirar outros ares e estar em outras paragens se deva à condição
mediterrânea e toda a atávica influência das bandeiras que aqui chegaram.
Dia desses, assistindo Elegia de
Uma Viagem, filme de Alexander Sokurov, fiquei a pensar, não tão subjetivamente
como ele, sobre as minhas próprias, nem tantas quantas gostaria; especialmente
sobre o que mais encanta meu olhar.
É inadmissível negar as maravilhas das paisagens de um país com uma
geografia espetacular como a nossa e tampouco negar o fascínio que o mar exerce
sobre quem vê as ondas se insinuando num belo horizonte. Mas acredite, conhecer
mais dessa nossa cultura plural e especialmente aproximar-me de nossa gente é o
que mais me fascina.
Assim, descobrir esquecida nos 1700, tempo em que foi capital do Ceará, a
pequena Aquiraz, hoje terra de rendeiras que cantam enquanto tecem e de
jangadeiros, que colhem no mar o sustento. Em outro olhar, sentar-me ao lado do
ancião, de mãos calejadas, esculpindo arte em madeira, a canivete, na região de
Natal.
Mas há um canto, de lembranças doces, que povoa meus arquivos dos anos
80. Águas calmas e areia branca, a praia de Itaoca, na região de Itapemirim,
guarda muitas histórias de gente boa e feliz em toda sua sabedoria e
simplicidade. Lá passei vários verões, quando pouco mais havia além da vila dos
pescadores. Uma comunidade acolhedora, que nos recebeu como iguais,
participantes e atores daquele pequeno mundo imenso que a eles pertencia. Bom
lembrar da alegria de Zizi com a vela nova para seu barco, das visitas à casa
de Donino e das noites no forró, que nem era universitário.
E melhor é poder voltar para meu porto, trazendo toda essa gente comigo!
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 06-01-2013
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