Imagem: Aquarela de Josef Kote
Já há fortes indícios de que em breve 2014 vai realmente
começar. Passaram as festas de fim de ano, apesar de alguns fogos retardatários
ainda serem ouvidos eventualmente. Parece ser inútil dizer o quanto esta fase
do ano é culturalmente alienante, o quanto se é induzido ao consumo e às
comemorações do fim de um ano, como se isto garantisse que o outro será melhor.
Pelo menos já se foram as terríveis retrospectivas, a repetir
as tragédias, a violência, os grandes erros e equívocos, que em nada enaltecem
as boas conquistas e ações coletivas bem sucedidas. As praias já estão cheias
do lixo irresponsável de todos os anos e das oferendas que Iemanjá não quis
aceitar. Em meio às férias de janeiro, já temos todos os “I’s” a pagar,
aumentados como o IPI para a linha branca, além do fim da isenção dele para os
automóveis, já obrigatoriamente equipados com freios ABS e airbag duplo. Sem
esquecermos, é claro, que o novo salário mínimo já está em vigor.
Se a anestesia geral das festas já passou, não se preocupe! O
ópio do Carnaval fará com que esqueça tudo de novo. Depois do feriadão da
Semana Santa, vem a Copa do Mundo no meio do ano e após ou durante, a campanha
eleitoral. Sem dúvidas, teremos muito tempo para ficarmos alheios de e aos
fatos – o que bem sabe e diz Suassuna - e muito, mas muito pouco tempo para
trabalhar e produzir.
Pensando bem, talvez nem precise se preocupar com a agenda
nova que o gerente do banco esqueceu-se de lhe mandar e melhor será deixar sua
listinha de propósitos pronta para o ano que vem, já que, pelo visto 2014
passará em brancas nuvens, ainda que não em céu de brigadeiro.
Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 12/01/2014
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