As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 16 de dezembro de 2012

Malandro é o curupira...


Chorinho, 1942 – Cândido Portinari

"Malandro é o curupira, que só faz gol de calcanhar". Lendo uma edição da revista Piauí, encontrei essa pérola! Coisas de um Brasil criativo, que muitas vezes negligencia sua própria cultura, consequência natural de quem negligencia sua própria gente. Apesar de não gostar tanto assim de futebol e menos ainda de malandragem, no estrito sentido da palavra, cabe uma boa análise, sob o ponto de vista cultural.
É inegável o nosso patrimônio de lendas e figuras mitológicas, que vão do Curupira às mulas-sem-cabeça, passando pelo Saci e que poderiam ser muito mais de mil e uma noites, além das tantas que Lobato contou. Lobato mesmo, esse que andam querendo censurar nas escolas, alegando ser preconceituoso. Uma outra história!
Sem tanto rigor quanto o de Suassuna, acredito que também cabem aqui o Pato Donald e sua turma, a Cinderela e Peter Pan. Só me preocupa que com essa globalização toda, nossas crianças cresçam, por displicência nossa, sem saber que havia um boto que gostava de festas juninas e moças bonitas. Êita Boto malandro!
Uma malandragem carregada de romantismo e imortalizada em verso e prosa. É difícil esquecer o Vadinho em “Dona Flor e seus dois Maridos”, de Jorge Amado; a bem-humorada "Ópera do Malandro", de Chico Buarque de Hollanda ou a peça teatral "Boca de Ouro", escrita por Nelson Rodrigues, um perfil realista do malandro. É claro, faltava Macunaíma, criação de Mario de Andrade, nosso anti-herói tupiniquim, sem caráter nenhum e senhor da nossa brasilidade.
Afinal, é sobre cultura brasileira que trato, em todas as suas manifestações artísticas, sejam plásticas, literárias, musicais e folclóricas, eruditas ou populares. O que falta é valorização, por nós mesmos, desse tesouro nacional tão aclamado em outras terras e que aqui, vem perdendo identidade e espaços para expressão.
 Se as pinturas de Hopper são estudadas no ensino fundamental americano, porque não ensinamos, em casa e na escola, sobre Portinari ou Tarsila?

* Publicada na Revista CAPITA Global News em 13∕12∕2012 e no Jornal “O Pioneiro” em 16∕12∕2012

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