Imagem: A Madona de Port Lligat (1949)
Salvador Dali
Quando
se é criança, tudo é festa, de luzes e alegria, de um mundo mágico, incompreensivelmente encantador. Tempo que dura
pouco, já que logo se descobre que o bom Velhinho não distribui igualmente e
nem a todos a sua generosidade e que afinal ele não existe.
Para muitos e infelizmente não
para todos, logo vem as constatações de que alguém paga as contas dos
presentes, quando pode; que como em qualquer outro dia, há muitos com fome e
que assim como o aniversariante, que só teve direito a nascer no exílio, outros
tantos lutam por uma sobrevivência ao menos digna e que as vicissitudes e
agruras do e de ser humano não fazem trégua porque é Natal.
Definitivamente, não quero posar
de Grinch, o esverdeado personagem de Dr. Seuss e estragar a festa de
ninguém e menos ainda parecer antissocial, mas concordo em parte com o escritor
e jornalista mineiro Mário Prata, que com seu bom humor criticou algumas
inconveniências das festas natalinas em sua crônica “Jingle Bell pra vocês”.
É
mesmo complicado ter que dividir o espaço no restaurante, quando se quer um
jantar tranquilo, com aquela turma barulhenta, que nem é a sua, em plena
comemoração de fim de ano. E o amigo secreto então? De secreto, quase nada, já
que logo todo mundo sabe quem sorteou quem e a brincadeira perde toda graça.
Sem contar com as horas perdidas imaginando o que comprar, em meio àquele
corre-corre louco de fim de ano. Parte da festa!
E
tem mais! A publicidade brasileira, tida como uma das melhores do mundo, nessa
época perde totalmente a criatividade e se rende aos trenós na neve ao som do
Ho, ho, ho do barbudo de vermelho, em pleno verão dos trópicos.
Ah,
sim, os presentes! Tudo que desejo é que os meus e os seus possam estar
presentes, confraternizando em harmonia, nessa noite que merece ser feliz.
Publicada no Jornal "O Pioneiro" em 23/12/2012
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