As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

No fim do arco-íris tem um pote...



Ilustração: Garimpeiros – Cândido Portinari







Azuis, do nascer do dia ao profundo breu; verdes, em tons crescentes; amarelos, rosas ou vermelhos em nuances tantas quantas há na paleta do artista ou nos jardins de Monet, surgem dos túneis estreitos, abertos a pás, picaretas e suor abundantes, as preciosas turmalinas, nome originário da cingalesa turmali, pedras coloridas vindas do Sri Lanka e lá chamadas de “toramalli”. Uma antiga lenda egípcia atribui a sua imensa variedade de cores à longa viagem desde o centro da terra, passando por muitos arco-íris.
                Essas preciosidades, que brotam pelo Brasil, no Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte, Paraíba e em nosso Espírito Santo, além das Minas que são Gerais, eram tão pouco valorizadas aqui, que por muito tempo foram usadas para limpar cachimbos. Recentemente, sua beleza foi descoberta pelos chineses, causando uma verdadeira revolução no mercado dessas gemas, hoje vendidas aos montões a um preço exorbitante, aos insuspeitos compradores orientais espalhados por toda parte nas pequenas cidades, mal vestidos e de chinelos, dormindo até no mato e falando pouco ou quase nada do idioma nativo. Mas não se iluda com essas figuras anônimas, pagam em dinheiro vivo lotes e mais lotes da pedra bruta.
Do outro lado do mundo, nossas turmalinas geram joalheiros e lapidários (em extinção por aqui), uma mão de obra barata e precisamente chinesa, criando jóias coloridas que fazem brilhar os olhares das vaidosas e abastadas senhoras.
                Enquanto isso, se quisermos ver os multicoloridos cristais adornarem nossas beldades, teremos que importá-los a um preço razoável de Moçambique e Nigéria ou até do Paquistão. É essa a mágica da economia globalizada, que encanta a tantos fazendo desaparecer as divisas de outros! Prefiro a lembrança dos versos que levam a “Assinatura” de Rodrigo Petrônio:
Olho no céu essa lua
Canteiro de turmalina
Despeja luz sobre tudo
Com tinta branca se assina 
No livro mudo do mundo.


Em Jornal "O Pioneiro" 02/08/2012

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