As minhas lágrimas regam os sentimentos mais puros e verdadeiros e me fazem renascer a cada nova estação. (Mônica Caetano Gonçalves Maio/2011)
Registro na Biblioteca Nacional nº: 570.118

domingo, 13 de abril de 2014

Jujuba

Imagem: Cine Teatro Central em Juiz de Fora - MG


               
Surpresa? Foram centenas de bolhas de sabão invadindo alegremente o ar cansado da cidade corrida entre a manhã e a tarde de um dia qualquer. Eram dois os ambulantes – imitações de figuras circenses – perambulando entre os automóveis e abrindo sorrisos infantis nos rostos passantes. Algo que me lembrou Chaplin e seu humor inocentemente mudo.

Os tons de arco-íris que colorem as películas de sabão esvoaçante levaram-me imediatamente às tardes de matinê dos tempos de criança. Os cinemas de então eram verdadeiros palácios, finamente decorados com afrescos coloridos em seus tetos, colunas em mármore e lustres belíssimos, além – é claro – da insubstituível cortina de veludo vermelho. Todo este luxo e requinte despertavam a magia do espetáculo e nossas mais mirabolantes fantasias. Como todo palácio exige, havia um cerimonial que antecedia a entrada neste reino em que nos era permitido saborear algumas horas, esquecidos da realidade.

Primeiro, as longas filas para comprar os ingressos, enquanto nos ofereciam guloseimas coloridas e doces. Era o momento de se escolher entre as balas de goma ou as jujubas e os inesquecíveis dropes “Dulcora”, que faríamos o possível para que durassem a sessão inteira. Depois a escolha das poltronas, as brincadeiras contidas, até que se apagassem as luzes. Então nos entregávamos, entre risos, às aventuras de Tom e Jerry ou às magníficas produções de Walt Disney.

Mais tarde, viriam as sessões dos grandes sucessos de bilheteria com a turma de amigos que sabíamos para a vida inteira, antes que se perdessem para as películas românticas com os namoradinhos que também jurávamos ser para sempre.

Com o tempo, a maioria destes templos da sétima arte foram desaparecendo e muito poucos resistem reconhecidos como patrimônio histórico. O mundo girando cada vez mais rápido e as sessões com produções as mais variadas, são hoje vistas em pequenas salas entre um almoço e as compras no shopping. E quem ainda fala em cinema de arte?




Publicada no Jornal “O Pioneiro” em 13/04/2014

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